São Longuinho

* Bueno

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Quem é que nunca ouviu falar de São Longuinho, aquele santo que nos socorre quando perdemos algo, às vezes tá na nossa cara e não encontramos, daí fazemos um pedido com fé: “São Longuinho, São Longuinho, me ajude a achar tal coisa que depois dou três pulinhos”. Como que por encanto, o objeto aparece. Tomava uma gelada com meu amigo Ariston Men­drot, perito da Polícia Civil da capital, e entre um causo e outro ele me contou a história deste santo que poucos conhecem e que teve sua cegueira curada com o sangue de Jesus, que espirrou em seus olhos quando o furou com sua lança.

Divido com vocês que têm o hábito de ler meus textos toda sexta-feira. Ele viveu no século primeiro, tendo sido contemporâneo de Jesus Cristo. Acredita-se que tenha sido o centurião na crucificação que reconheceu Cristo como “o filho de Deus” (Mateus 27:54; Marcos 15:39; Lucas 23:47).

A história de Longinus identifica este soldado como o centurião presente a crucificação. O exercito romano era composto de centúrias, em alas formadas por 50 soldados e comandados por um líder chamado de centurião. Em virtude dos pouquíssimos relatos existentes sobre a vida desse santo, também pode ser encontrado como tendo sido o centurião (soldado) que “perfurou Jesus com uma lança” (João 19:34).

Inclusive, nenhum dos Evangelhos oficiais identifica esse soldado pelo nome. A citação do nome Longinus encontra-se no Evangelho Apócrifo de Nicodemos, que foi anexado ao apócrifo Atos de Pilatos. Nicodemos foi contemporâneo de Jesus e de José de Arimatéia, o que já dá grande credibilidade a narração do fato.

O comentário utilizado usualmente é conhecido como sendo o Santo Lance, mais recentemente, em especial nos círculos ocultistas como a “Lança do Destino”, que era venerado em Jerusalém pelo VI século, embora nem o centurião, nem o nome Longinus tivesse sido invocado por qualquer contemporâneo que presenciou o fato.

De acordo com relatos dos Evangelhos, em razão do shabat iniciar-se ao pôr-do-sol da sexta-feira, os corpos dos condenados não poderiam profanar o dia santo, pois nessas ocasiões as pessoas deveriam guardar o dia santo e em função disso não ficar expostos ou serem submetidos ao castigo.

Assim, como medida de evitar o desrespeito, as ordens dos romanos era que as pernas do condenado deveriam ser quebradas para apressar sua morte. Chegando a Jesus, acreditavam que já estaria morto. Então, Longinus, o centurião, no lugar de quebrar as pernas de Jesus, perfurou o seu corpo com uma lança; como forma de certificação do óbito. O sangue saído do corpo de Jesus teria respingado nos olhos de Longinus, curando-o instantaneamente de uma grave enfermidade ocular que o acometia.

A história de Longinus cresceu ao longo dos anos a ponto de dizer que ele foi convertido para o Cristianismo após a crucificação, e ele é tradicionalmente venerado como um santo em diversas denominações cristãs. Teria se tornado um monge e percorrido a Capadócia, atual Turquia. Lá, foi preso e torturado por causa de sua fé cristã. Teve seus dentes arrancados e sua língua cortada. Longinus, em latim, virou Longuinho em português.

Na tradição popular ele é invocado para ajudar a encontrar objetos perdidos. Tem muita popularidade entre as crianças, pois assim é carinhosamente transmitido nos pedidos de ajuda onde São Longuinho invariavelmente socorre: “Peça a São Longuinho e quando achar o que procura, dê três pulinhos”.

Seu dia é comemorado no Brasil em 15 de março. Vale lembrar que José de Arimatéia, ao ver o milagre da cura do olho de Longinus, teria recolhido uma porção do sangue de Cristo no cálice da Santa Ceia, que havia ficado de posse. Este é o cálice ficou conhecido como o Santo Graal.

* Cantor e compositor