terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O samba está doente

No meu universo musical, poucas vezes usei o termo "no meu tempo". Sou adepto da filosofia de Paulinho da Viola, que diz: "Meu tempo é hoje". É, meu tempo é hoje, eu vivo o hoje. Atravessei gerações passando por vários estilos musicais, pertenci ao conjunto Jetsons, tocando o repertório de toda a Jovem Guarda, principalmente de Renato e seus Blue Caps, que, por sua vez, cantavam versões dos Beatles. Passei por canções italiana, cantando Sergio Endrigo, Gianni Morandi, Pepino de Capri, e outros.

Com o fim dos Beatles, conjuntos do mundo inteiro também encerraram atividades, e seguimos a vida voando nas asas do vento. Quase não pegava meu violão, que, por pouco, não se tornou um brinquedo nas mãos de meus filhos.

Eis que, um belo dia, no rádio de meu carro ouvi uma música que mudou mais uma vez meu estilo musical. Era o grande sambista carioca João Nogueira cantando Espelho, de autoria dele e de seu parceiro de inúmeras composições, o maravilhoso poeta - e também carioca - Paulo César Pinheiro. Essa canção foi feita para o pai de João Nogueira, que se foi antes do combinado, quando o cantor tinha apenas nove anos.

João pediu ao parceiro essa homenagem. Se você que está lendo esse texto e não conhece a música, procure ouvi-la. Vais arrepiar, amigo! Há pouco tempo, assistindo a uma entrevista com o poeta, Chico Pinheiro, da Globo, lhe perguntou sobre sua parceria com João e a música em questão. Paulo César, lembrando do saudoso amigo, disse que quando letrou a música imaginou escrever para seu pai e chorou muito. Eu como adoro histórias, ganhei mais uma para meu arsenal.

Tornei-me sambista, tenho tudo ou quase tudo de João Nogueira, e fico muito feliz ao ver a herança deixada por ele, seu filho Diogo Nogueira, mais uma jóia rara no samba.

Um fato interessante aconteceu no velório de João, que mais parecia uma grande festa. A pedido do cantor, sua esposa armou uma roda de samba regada por trezentos litros de chope. Estava presente a nata carioca do pagode. Luiz Ayrão, também cantor, era constantemente confundido com João e vice-versa, e isso os divertia muito. Ao saber da morte do sósia, correu para o velório, fez uma conversão irregular em uma avenida e foi flagrado pelo guarda, que, ao se aproximar, disse: "Até tu, seu João Nogueira!!!".

Aprendi a cantar samba com João Nogueira, aquela ginga, aquela malandragem carioca, com ele descobri o samba sincopado, o samba de breque, o samba rasgado e o samba lento. Devo a esse grande mestre esse meu lado.

Mas a razão desse texto, "O samba está doente", é sobre uma reportagem que vi na TV com um dos maiores sambistas do Brasil, Neguinho da Beija-Flor. Quando vi Neguinho com a cabeça raspada em razão da quimioterapia, tremi na base e pensei: "Meu Deus!!!". O câncer atravessou o samba, sua voz enfraqueceu. Bem que ele quer cantar o samba da agremiação este ano na avenida, mas teme não conseguir e prejudicar sua escola do coração. Assisti toda a matéria emocionado. Ele, que possuía a voz mais alta de todos os cantores de sambas enredos do Brasil, perdeu aquele brilho. Ela está rouca, seu corpo e seu rosto me mostraram o quanto essa doença o está corroendo, vi lagrimas banharem seu rosto e voltei poucos meses atrás, quando sua alegria estampava o sorriso mais bonito do samba. Vou fazer minhas orações pedindo para que Jesus olhe por ele. Nesse ano, a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis vai sair sem seu "canário cantador".

Eu aqui distante encerro com parte da letra do poeta sambista paulista Paulo Vanzolini: "Neguinho, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima"!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Mais alguns de meus quadros





Feliz 2012

Queridos amigos:

Dentro de alguns dias, rápido como um trem bala.
Um Novo Ano vai chegar a esta estação.
Se não puder ser o maquinista, seja o seu mais divertido passageiro.
Procure um lugar próximo à janela.
Desfrute cada uma das paisagens que o tempo lhe oferecer, com o prazer de quem realiza a primeira ou a última viagem.
Não se assuste com os abismos, nem com as curvas e pedras que não lhe deixam ver os caminhos que estão por vir.
Procure curtir a viagem da vida, observando cada arbusto, cada riacho, beirais de estrada e tons mutantes de paisagem.
Desdobre o mapa e planeje roteiros.
Preste atenção em cada ponto de parada e fique atendo ao apito de partida.
E quando decidir descer na estação onde a esperança, a amizade ou o amor lhe acenar, não exite!
Desembarque nela, junto com os seus sonhos.
Feliz 2012
Bueno.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O goleiro Felipe e o fã Luiz Roberto

* Bueno
buenocantor@terra.com.br 

Na segunda quinzena de janeiro/2008, estava com a família em Bertioga, na Colônia do Sesc  que tem uma sala de leitura show de bola , quando dei uma geral nos jornais e li que o jogo Corinthians e Sertãozinho, marcado para dia 30, poderia ser realizado em Ribeirão Preto, no estádio do Botafogo. Comentei com meu neto Luiz Roberto, de 11 anos, que é corintiano como poucos, que logo passou a alimentar certos sonhos, como conversar com seu ídolo, o goleiro Felipe, ganhar autógrafo, tirar fotos... Até aí achava a tarefa fácil, até que ele me falou: “Vô, será que da pra entrar em campo com os jogadores segurando a mão de Felipe?”Disse a ele que essa parada era meio difícil, mas que iria tentar.
Os dias foram passando e o jogo foi confirmado para o Estádio Santa Cruz. Na cabecinha desse pequeno torcedor Luiz Roberto não existia nada além desse jogo. Tratei logo de comprar nossos ingressos pra não cair na mão de cambistas e fiquei na espera. Na terça feira, véspera do jogo, a TV anunciou que a delegação corintiana estava hospedada em um hotel na Vila Tibério. Ele logo convocou seu pai, e lá foram os dois de máquina fotográfica, caneta , camisas e tudo mais que um sedento torcedor precisa para conseguir seus objetivos. Em frente  ao hotel estava o lindo ônibus do Timão, que foi um dos alvos das máquinas fotográficas. Dezenas de torcedores cercavam o local cantando canções do time e, no saguão, os jogadores circulavam descontraídos. O pequeno fã do goleiro Felipe tremeu de emoção ao ver seu ídolo. Faltou-lhe a coragem da  aproximação, voltou para casa, me ligou superfeliz, já me cobrando sua entrada no campo com seu ídolo. Nessa noite ele mal conseguiu dormir, uma alegria incontida invadia seu coração.
No dia seguinte, 30 de janeiro, quarta-feira, jogo marcado para 21h45, percebi logo de manhã que era hora do superavô entrar em ação. Fui ao Santa Cruz, me disseram que havia mais de duzentos pedidos iguais ao meu, que o campo estava na mão do pessoal de Sertãozinho. Como lá não tenho trânsito, me dirigi ao hotel, onde fui recebido por Antônio Carlos, que até pouco tempo era zagueiro do Santos e hoje é gerente de futebol do Timão. Contei-lhe o sonho de meu neto e ele, muito gentilmente, disse para aguardar a chegada no estádio que o jovem torcedor entraria com seu goleiro favorito. Dei a noticia a Luiz Roberto, que ficava me ligando sem parar, sem esconder sua ansiedade .
Antônio Carlos cumpriu a palavra e lá estávamos nós na mureta do fosso com outros garotos, papais e avôs esperando por um funcionário da Federação Paulista de Futebol (FPF), encarregado dessa parte. Ele aproximou-se, conferiu se as crianças estavam uniformizadas e disse: “Nada de caneta, máquina fotográfica e nem papel.” E conduziu a meninada para a boca do túnel. Felipe, como capitão, foi o primeiro a entrar e Luiz Roberto gritou: “Me dê a mão, Felipe!!!” O goleirão segurou a pequena mão do jovem torcedor e os dois entraram em campo sob aplausos calorosos da torcida. Eu observava a cena com meus olhos de avô, superemocionado em ver que ajudei meu neto a realizar um sonho. No grande círculo saudaram a Fiel e Felipe levantou a mão do pequeno fã, que percebeu uma cena de fé. Naquela mão estava o terço que seu ídolo sempre beija e coloca ao pé da trave, pedindo proteção. Luiz Roberto foi saindo de campo, ouvindo a torcida cantar numa só voz um de seus hinos, a canção maravilhosa que a todos arrepia e emociona:“Corinthians, Corinthians minha vida, Corinthians minha história, Corinthians meu amor...”
Para o goleiraço Felipe talvez tenha sido só mais uma entrada em campo, mais uma mão de criança que segurou, mais um olhar de admiração de um fã. Talvez ele não tenha a dimensão do que se passou no pequeno coração daquele menino, mas para esse garoto, para esse jovem corintiano Luiz Roberto foram momentos que vão lhe acompanhar pelo resto da vida. Eu, vovô coruja, vou seguindo minha vida esperando a próxima missão que meu neto irá me pedir.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Sócrates, Fagner, a música e a bola


 
* Bueno
buenocantor@terra.com.br
www.buenocantor.blogspot.com

Raimundo Fagner nasceu em Orós, no Ceará, cidade que tinha uma das mais belas represas do país. Conhecida como represa de Orós, ela passou por um período de seca muito extenso. Quase chegou a secar por completo. Mas a fé do nordestino daquela terra fez com que a chuva chegasse, revertendo a situação e mandando água sem parar. Foi tanta chuva que a represa estourou, inundando o sertão cearense.
Daí nasceu uma linda canção composta por Gordurinha e Nelinho: Súplica Cearense, que é uma poesia! “Oh! Deus perdoe esse pobre coitado que de joelhos rezou um bocado pedindo prá chuva cair sem parar...”
Fagner, quando criança, sonhava em ser jogador de futebol. Numa de nossas rodas de prosa, ele contou que não deu para a coisa, mas que chegou até a montar um time em Fortaleza cujo nome era Beleza Futebol Clube, tenho foto desta época. Só sei que o esporte está sempre presente em sua vida, praticando-o até hoje com certa habilidade, pois, eu já pude testemunhar!
O futebol perdeu um craque, mas a música ganhou um cantor e letrista de primeira categoria! Fagner em sua juventude participou de conjuntos musicais.
O destino o fez mudar para Brasília. Foi estudar arquitetura na Universidade Federal, onde estudava outro jovem músico cearense, também envolvido com a música apenas como hobby, até então. Esse cabra era nada mais, nada menos que Belchior, um dos maiores compositores brasileiros.
Em 1970 rolou nessa Universidade um grande festival de música popular brasileira. Fagner e Belchior, aí já totalmente envolvidos com a arte de compor decidiram inscrever no concurso uma de suas composições. Era Mucuripe. “... calça nova de riscado, paletó de linho branco, que até no mês passado lá no campo inda era flor...”
Foi a grande vencedora, e que tempos depois, seria grande sucesso na voz de muitos artistas como Roberto Carlos, Elis Regina, Djavan e muitos outros.
Música e futebol sempre andaram de mãos dadas e Fagner batia sempre uma bolinha com grandes astros da MPB: Chico Buarque, Carlinhos Vergueiro, Zico, Sócrates e foi através do Magrão que,conheci Fagner.
Numa das vindas dele para Ribeirão Preto, tive o privilégio de compartilhar bons momentos na casa de Sócrates. Foi numa dessas tardes de longos papos que ele me disse: “Buenão, sabe qual foi o dia mais feliz da minha vida?” Eu respondi; “Não... Conta aí meu velho”. E Fagner contou: “Em 1982, o Reinaldo, jogador do Atlético Mineiro, armou um jogo beneficente no Estádio Centenário, velho estádio do América Mineiro que seria veteranos do Galo contra alguns artistas”. O Fagner convocou para a partida ele mesmo, Chico Buarque, Vagner Tiso, Vinícius Cantuária, Gonzaguinha, João Nogueira, Carlinhos Vergueiro, entre outros astros e levou o Sócrates de reforço, naquela época, Magrão estava no auge de sua carreira.
O Centenário lotou. Os times entraram em campo. A torcida feminina era maioria, claro, para ver os astros da MPB, principalmente Chico Buarque. Quando Fagner viu em campo o time adversário logo falou:  “Magrão, o Rei (apelido de Reinaldo) nos enganou, esse é o time titular do Atlético e não veteranos!!!”
Na verdade, os profissionais queriam ter história pra contar, jogar com Chico, imagine... Foi quando o Sócrates falou: “Não esquenta a cabeça, Fagner. Fica lá na frente que vou te enfiar umas bolas de três dedos e você só vai tocando pra dentro”. Começa o jogo. De cara o Atlético faz 1 a 0 e Fagner estrilou. “Não te falei, Magrão, vamos tomar de goleada!”
Sócrates, talentoso e confiante, repetiu: “Fica lá na frente que vou te deixar na cara do gol”. E cumpriu o prometido numa jogada genial. Fagner empatou a partida. A torcida se inflamou. Fagner subiu no alambrado vibrando como criança, lembro-me de ter visto essa cena na TV.
Segue o jogo, no segundo tempo mais uma enfiada de Sócrates e Fagner marca o segundo gol!! Outra vez aquela loucura e a bola rola... Faltando 15 minutos para acabar o jogo, Chico estava na grande área e, depois de um toque genial de Sócrates, fez 3 a 1.
A torcida foi à loucura, invadiu o campo, colocou os astros nos ombros, encerrando ali o jogo. Depois, é claro, uma comemoração à altura daquele “show de bola”: um grande churrasco regado a chope e muita conversa boa uniu ainda mais a música e o futebol. Vejam vocês, Fagner acostumado a grandes espetáculos, considerou aquele momento o mais feliz de sua vida!  A felicidade, às vezes, encontramos nas coisas mais simples da vida.

* Cantor e compositor

sábado, 10 de dezembro de 2011

Matéria sobre Sócrates no Esporte Fantástico da RECORD

Para quem não pode assistir, abaixo o link da matéria do Esporte Fantástico, que foi ao ar hoje na RECORD.

Abraços

http://esportes.r7.com/futebol/noticias/homenagem-mostra-detalhes-desconhecidos-da-vida-de-socrates-assista-20111210.html

Sem derramar uma gota


Quando Sócrates fez 50 anos, ele comemorou com um jogo entre amigos, reparem que o Kajuru, vai tentar pegar a bola do Doutor, e o mesmo passa a bola entre as pernas do Kajuru, com um copo de chopp na mão e sem derrubar uma gota!!!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Programa Viola, Minha Viola





Sempre que se aproximam datas significativas, como a de domingo próximo, Dia dos Pais, fico pensando em uma maneira de manter sempre acesa a lembrança da presença de meu pai, que foi embora tão cedo e nem conheceu Lucas, meu filho mais novo, mas ele está sempre em minhas orações, muitas vezes chego até a sentir seus afagos. Roi, era assim que era conhecido meu querido pai e não descobri porque ele tinha esse apelido, já que se chamava Rosemiro Bueno, não vejo aí nada que justifique o meu querido “Roi”, mas, enfim... Quem pode com os apelidos, ainda mais quando se tornam fortes e mais carinhosos com o tempo...
Raimundo Vieira de Oliveira, assim se chamava o pai de Sócrates, todos tinham por ele o maior respeito e o chamavam de Seu Vieira, e o Magrão quando se referia a ele dizia “Vieirão”.
Rosemiro Bueno, maquinista da Mogiana, guiando aquela enorme serpente de ferro, carregava o Brasil sobre os trilhos. A vida lhe deu de presente uma esposa com o nome da mais linda das flores: Rosa, minha adorada e maravilhosa mãe, dedi­ca­da, guerreira e juntos foram abençoados com seis filhos.
Raimundo Vieira de Oliveira, fiscal de renda, era temido por todos que queriam fazer uso da Lei de Gerson. Com a dona Guiomar, sua esposa fantástica, juntos também tiveram seis filhos.
Cantei por dezesseis anos no restaurante Ponto Chic, e, em  certa noite, aparece por lá o camisa oito do Botafogo, do Corinthians e da Seleção Brasileira: sim, era o Sócrates!!! Eu nem acreditava, a honra dele estar ali, onde eu cantava, era muito grande. Fui agradecer sua presença, embora sentisse um misto de receio e timidez ao me aproximar, até que me enchi de coragem e lá fui eu... Magrão foi de uma simplicidade sem limite, deixou-me à vontade, até me pediu para cantar Espelho, gravada por João Nogueira, e ele sequer sabia que essa era a música que eu mais gostava de cantar.
Espelho, cuja melodia é de João Nogueira e letra do Paulo César Pinheiro, foi composta em homenagem ao pai de João, que foi embora muito cedo também, quando ele tinha apenas nove anos. Certa noite, vendo TV, o entrevistado era Paulo César Pinheiro. Foi quando o repórter lhe perguntou como ele fez a letra deEspelho, e o poeta, emocionado disse: “O João me pediu para fazer a letra para seu pai, mas a escrevi como se fosse para o meu”. E chorou um bocado ao lembrar do pai... Confesso que não tinha entendido essa do poeta.
Sócrates e eu nos tornamos amigos. Uma noite, em um bar, quando assistíamos a um show de Cássio Sales (cover do Tim Maia), percebi que Magrão escrevia poesias em guardanapos. Avisou que estava inspirado, foi quando lhe pedi para colocar letras em músicas minhas e ele encarou. Entre sambas, toadas, baiões e baladas, fizemos mais de 50 até hoje...
Querendo homenagear meu pai, compus uma toada e fui pedir ao Doutor para letrar. Ele me perguntou se eu já tinha algum tema, e respondi: “Meu Pai!” Descrevi para ele um retrato na parede da casa de minha irmã Ruth, com meu pai na janela de uma Maria Fumaça.
O tempo passava e ele não achava uma linha para começar a escrever a letra. Certa noite eu cantava no Ponto Chic, Magrão chegou e percebi que ele estava muito feliz. Até disse: “Buenão, hoje eu vou fazer a letra do seu pai”. Saímos do restaurante por volta de uma e meia da madrugada, fomos para minha casa. Eu cantarolava a melodia e ele escrevia frase por frase, isso dezenas de vezes, ia e voltava, rabiscava, rasgava folhas, só sei que o dia amanheceu, com o sol de verão nos dizendo bom dia, que naquela manhã brilhava como nunca. Já passava das seis e, depois de muitas cervejas, debaixo da mesa uma montanha de folhas amassadas, foi quando ele passou a régua na letra e finalizou: “Tá pronta, cante agora inteirinha”. E eu cantei, ficou linda, choramos muito, emocionado ele ainda falou: “Aí está ‘O retrato do velho’, e seu pai está aqui com a gente”. Fiquei arrepiado e chorei mais ainda.
Maurício e Marcelo e Sócrates a gravaram. Convidados por Inezita Barroso, foram participar do programa Viola Minha, Viola, na TV Cultura. Quando acabaram de cantar, Sócrates, em lágrimas, disse ter feito a letra para seu pai e que a estava cantando pela primeira vez depois que seu Vieira partiu. Naquele momento consegui entender, então, os poetas Paulo César Pinheiro e Sócrates Brasileiro Vieira de Souza Oliveira.
Para os Buenos, os Vieiras, os Pinheiros, os Nogueiras... e para todos os papais do mundo, o meu mais sincero desejo de viverem “um feliz Dia dos Pais”!!!

* Cantor e compositor

Autógrafo

Para os colecionadores, um autógrafo do nosso eterno Dr. Sócrates

Sócrates

Queridos amigos
Este é meu texto desta sexta feira para o Jornal Tribuna, mais uma vez faço uma parceria com meu melhor amigo.
Ilustra o texto uma foto de mais um momento muito difícil pra mim.
Boa leitura e bom final de semana.
Buenão.


Sócrates
Falar de Sócrates para mim sempre foi fácil, mas hoje, dias após sua partida, estou tendo enorme dificuldade. Digo a vocês que têm o hábito de ler minhas escritas que perdi o meu melhor amigo. Agradeço sempre a Deus tê-lo colocado em minha vida. Como esquecer aquela noite, 17 ou 18 anos atrás, em que ele entrou acompanhado no Restaurante Ponto Chic, eu era cantor da casa, imagine que eu de fã tornei-me amigo, parceiro de música, padrinho de casamento e compadre, pois batizei Fidel Brasileiro, seu ultimo filho.
Resolvi então colocar no espaço que nosso Tribuna me concede toda sexta-feira a letra da nossa música Minha Cidade. Para ele era como se fosse um tributo a nossa Ribeirão Preto, cidade que o acolheu quando veio de Belém do Pará, ela foi gravada pelo grupo Gente cá da terra e também no nosso CDSócrates Bueno e convidados, em que Raí canta com a gente. Fiz a música e Sócrates a letrou quando nosso Theatro Pedro II foi reinaugurado.
O amor que Sócrates tinha por Ribeirão eu sei muito bem e ele o descreveu na letra. Rebuscando meus guardados, em meio a muitos poemas que ele escreveu e que guardo com carinho, encontrei este pequeno poema que muito me emocionou: Amanhã com Deus. Fecho meu texto de hoje com o autografo de Sócrates.


Minha cidade (música de Bueno e Sócrates)
De Bueno e Sócrates
Hoje passando pelo centro da cidade
Senti tanta emoção nem posso te contar
Pois vi D.Pedro imponente em frente à praça
Esbanjando tanta graça, que é difícil imaginar
 Minha cidade amanheceu toda contente
Ao ver o seu teatro finalmente revivido
Não sei porque parece que a gente sente
Que tivesse renascido

Senti uma alegria sem limite, explodindo no meu peito.
Sorrindo sem parar
Abracei um antigo velho amigo, que há tempos eu não via.
Com histórias pra contar

Convidei-o para um chope bem gelado
Pra matar toda saudade tão presente dentro em mim
Ribeirão Preto é uma cidade tão amada
Coração é o Pingüim

Ribeirão Preto é uma cidade fascinante
Muito sol e juventude, alegria e calor
Ribeirão Preto nunca há quem não se encante
Com seu jeito de menina, com seu céu de muita cor

Ribeirão Preto eu te sinto totalmente
Tua arte e cultura gente bela e muito amor
Ribeirão preto eu te sinto totalmente
Com ternura e calor

Amanhã com Deus (poesia de Sócrates)
Adeus é o lema da doce despedida
Adeus é a dor da amarga saudade
Adeus é também tributo ao maior
Ao mais amigo e maior parceiro
 Porque não adeus...
Não seria melhor amanhã com Deus? 

Como explicar o calor de Ribeirão Preto


Como mostra na foto acima, os astrônomos depois de observarem os planetas, chegaram à seguinte conclusão, sobre o calor que faz em Ribeirão Preto.

CARTA DE CALOTEIRO

Segue carta de um devedor, caloteiro e ainda muito cara-de pau, mas é
engraçado.

Publicada na Folha.

Esta carta é verídica e foi divulgada pelo próprio Clube de Dirigentes
Lojistas.

A correspondência abaixo foi enviada por um devedor a uma das várias
lojas credoras, conforme ele mesmo informa na sua correspondência.

"Prezados Senhores,

Esta é a oitava carta jurídica de cobrança que recebo de Vossas Senhorias.

Sei que não estou em dia com meus pagamentos. Acontece que eu estou
devendo também em outras lojas e todas esperam que eu lhes pague.

Contudo, meus rendimentos mensais só permitem que eu pague duas
prestações no fim de cada mês. As outras, ficam para o mês seguinte.

Estou ciente de que não sou injusto, daquele tipo que prefere pagar
esta ou aquela empresa em detrimento das demais.

Ocorre o seguinte...

Todo mês, quando recebo meu salário, escrevo o nome dos meus credores
em pequenos pedaços de papel, que enrolo e coloco dentro de uma caixinha.
Depois, olhando para o outro lado, retiro dois papéis, que são os dois
"sortudos" que irão receber o meu rico dinheirinho.
Os outros...paciência.

Ficam para o mês seguinte.

Firmo aos senhores, com toda certeza, que sua empresa tem constando todos os meses na minha caixinha. Se não os paguei ainda, é porque os senhores estão com pouca sorte.

Finalmente, faço-lhes uma advertência:

Se os senhores continuarem com essa mania de me enviar cartas de
cobrança ameaçadoras e insolentes, como a última que recebi, serei obrigado a
excluir o nome de Vossa Senhoria dos meus sorteios mensais.

Sem mais...

Obrigado.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Cartola... Porque que as rosas não falam???


Hoje acordei com inveja do entregador de flores, pois é ele quem testemunha o surpreso e maravilhoso sorriso de quem as recebe. Quem mandou, só fica imaginando como foi a reação da pessoa. Poxa, o entregador de flores vive seu dia-a-dia tendo este privilégio, e ele é o primeiro a ver o rosto da presenteada.
Quem recebe esse tipo de reação tem mais é que viver em estado de graça, imagine o dia todo recebendo sorrisos?!?! Há pouco tempo foi aniversário de minha primeira-dama, e eu fui encomendar um buquê da mais linda das flores a rosa, na floricultura Flor do Campo, do meu amigo Osvaldo, que ficava na rua Lafaiete e hoje mudou para a região da nova Fiusa.
Dei um tempo e fiquei levando um papo com Osvaldo, até porque poderia chegar em casa antes do entregador. O jovem mensageiro logo estava de volta e de imediato disse que minha esposa ficou superfeliz, daí lhe falei: “Rapaz, você vai levar presentes e recebe de volta outro tão valioso quanto as flores”.
E ele, meio que lisonjeado, respondeu que muitas pessoas chegam às lágrimas ao receberem as flores, mas já teve vários casos de recusa, e ele as trouxe de volta. Até brincou que, nessas situações, o pau deve ter quebrado feio e as flores não foram o bastante para consertar algum tremendo estrago, uma bola fora dada... Mas, de qualquer maneira, meu amigo, seja um amante à moda antiga, mande flores, mande rosas.
Comecei meu texto de hoje falando de rosas, pois queria falar deste compositor e imortal poeta, fundador da escola de samba Estação Primeira de Mangueira: Cartola.
Cartola, que tinha o dom também de cultivar rosas com maestria – e mais ainda: ele falava com elas! Isso mesmo! Cartola, sempre que as regava, conversava com as suas roseiras. Dona Zica, sua esposa, não escondia certa pontinha de ciúmes de suas rivais e, por diversas vezes, o surpreendeu namorando suas roseiras. Chegou a ouvir ele dizer: “Como você cresceu, você está cada dia mais formosa”. E como resposta, elas esbanjavam charme para seu galanteador, cobrindo seu jardim de beleza.
Muitas vezes me perguntei como é que uma pessoa tão simples poderia ser tão sutil ao escrever canções maravilhosas, ganhando respeito de grandes compositores, como Paulinho da Viola, Osvaldo Montenegro e outras bambas do samba. Cartola, pedreiro no morro da Mangueira, é autor da obra-prima As rosas não falam.
Certa vez, Cartola deu uma sumida do circuito musical, pois o dinheiro estava curto e a musica só beneficiava alguns privilegiados – e isso acontece até hoje. Então, o gênio Cartola passou a ser vigia noturno, também lavava carros na avenida Copacabana, até que foi reconhecido por Sérgio Porto, compositor e apresentador de TV que, indignado, disse: “O autor de As rosas não falam não poderia estar naquela situação.” Juntou alguns amigos e montou para ele uma casa de shows chamada “Zicartola”, no Rio de Janeiro, que durou alguns anos, fazendo Cartola ser reconhecido nacionalmente e ainda, melhorando suas finanças.
Cartola, certa vez, resolveu fazer uma cirurgia plástica, pois não estava contente com o seu nariz. Tinha que retornar ao doutor outras vezes para alguns retoques, mas, displicente, não o fez, ficando com o nariz brilhante destoando na cor da pele do restante do seu rosto. Ganhou o apelido de Cartola, pois o chapéu que usava como pedreiro tinha o mesmo formato.
Certa noite, assistindo TV, Dona Zica estava sendo entrevistada, e como gosto de causos, não poderia de forma alguma perder esse papo com a ultima companheira de Cartola. Passavam imagens dele tocando violão e cantando, mas tinha uma em que ele estava sentado no quintal, e atrás dele varias roseiras carregadinhas. Eu já havia perguntado a Carlinhos Vergueiro e a Paulinho da Viola se eles sabiam como Cartola compôs As rosas não falam, mas os dois desconheciam o processo.
Então, o repórter fez a mesma pergunta para dona Zica. Fiquei ligado na resposta e ela disse que, uma vez, colheu lindas rosas do jardim e as colocou num pequeno vaso do altar de Nossa Senhora Aparecida, em sua sala. ELas estavam maravilhosas, e daí perguntou ao velho sambista: “Cartola, o que é que você tem nas mãos que suas rosas florescem tão bonitas”? E ele disse: “Não sei, Zica, eu sempre pergunto, mas elas não falam!!!”. Pois é, mestre Cartola, você tem razão, as rosas não falam, “simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti”...

* Cantor e compositor

Fotos do Show que fiz no Senhor Chopp do Novo Shopping







terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MISTÉRIO DE UMA SÁBIA ARTE…

Parabéns Sócrates!… Bonita Jogada..!!!!…
Gol emocionante à sua Vitória Divina…
a realizar nesse misterioso universo sagrado.
Esse légitimo menino grande, dispensa apresentação. Aplausos !!!!
Quero acreditar que voce tenha sentido a mesma sensação de:
“Quando Sócrates: um dos mais importantes filósofos da antiguidade, estava morrendo. sentiu-se tão maravilhado que seus discípulos não podiam entender o porquê dele declarar-se tão feliz… Um deles, Credo, perguntou: Porque voce esta tão feliz? Nós estamos chorando e nos lamentando – Sócrates respondeu: Por que eu não deveria estar feliz? Conheci a VIDA, agora quero e vou conhecer e quero saber como é a Morte. Estou diante da porta de uma grande Mistério, e sinto-me excitado! Começarei uma grandiosa jornada rumo ao desconhecido maravilhado. Estou simplesmente cheio de Curiosidade! E lembre-se Sócrates não era um homem religioso. Não há porque Temer sobre esse Mistério. É por isso que estou tão cheio de curiosidade e pronto para PARTIR!” -
Livro : A Arte de Morrer ; Bhagwan Shree Rajaeesh
Obrigada Dr. Sócrates, continuará valendo!
Eu, tenho um carinho especial por voce, importante que do seu jeito viveu…
Esta foi a sua disciplina, memorizando profundamente a sua personalidade Livre!
Sócrates, a sua vida foi como foi, por sua livre escolha. Se o VIVER é mistério, ela teve a sua cara, ela não terá jamais fim, é tão misteriosa porque um homem comum se faz extraordinário por ser comum e verdadeiro. Santo voce nunca foi e certamente por lá também não será, mas sim, Marcante na sua Trajetória! Portanto, a sua maneira e eu o respeito, e admiro tremendamente, se formou médico por seus méritos, andou e correu, venceu por suas próprias pernas, cansou e descansou a sua maneira. É assim que eu o entendo e o aplaudo!!!!
Dr. Socrates, suas atitudes tem motivos que somente a voce cabe saber, parte de sua vida particular. Suas qualidades ilimitados superarão as menos felizes, nada devendo a essa sociedade atual..rssss
Lembraremos das positivas com louvor.
Siga em Paz!..
Sua jogada celestial é esperada somente por craques guerreiros.
Com Admiração e Respeito, o guardaremos na memória e na História do Futebol Mundial…
Sócrates, o céu esta cheio de Estrelas, de Craques, desfruta dos valiosos prazeres de sua chegada a esse Misterioso Mundo Desconhecido…
Ribeirão Preto, hoje, amanheceu calada, menos feliz e em preces.
Agradecida a voce por adotá-la e vazia por sua partida.
Nosso coração quietinho, até o Colégio Marista parece sentir a ausencia Viva.. E perceberá em silêncio, alegria ausente, até as urnas, por todas e próximas, pois, sempre que eu ia votar, parecia encontro marcado, cedinho, “voce” ali a minha frente com seu jeito singular, conversando com todos amavelmente, contando piadas na fila.
Pois é, ……….. Doutor Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira…Voce deixa a todos um fantástico aprendizado de amor ao futebol, de amor a bola entrando nesse grito emocionante ecuando ao infinito: Gol….Golll….Gollll…Gollll.. Gollll..
Parabéns!
Um Brinde a sua Inteligencia!
Um Brinde a sua Inovação Esportiva!
Um Brinde a suas Muitas Vitórias!
Um Brinde a suas perdas e derrotas!
Um Brinde a suas qualidades!
Um Brinde a sua Coragem!
Um Brinde a seu Jeito Singular!
Acima de Tudo um Eterno brinde a sua LIBERDADE!
Nosso Silêncio, é agora, prece por voce, querido amigo de todos nós.
O Sol surgiu pronto para aplaudí-lo!
O Senhor é o seu Guia Eterno!
Sorria, pois, assim é que lembraremos de voce…
A sua presença é a ausencia viva…
A sua ausência fisica é a presença de DEUS!
Todos nós somos UM no Criador!
O Estádio do Botafogo,aqui ao lado de casa,
Palco de sua História esta totalmente Apagado…
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Rowyta Ribeiro
Ribeirão Preto/sp

Fonte: http://blogdojuca.uol.com.br/2011/12/socrates-brasileiro-1954-2011/#comentarios

Depoimento de quem “jogou” com Sócrates

Por ALBERTO PECEGUEIRO

Juca,

Frequentemente me gabo de não entender nada de revistas, ou televisão ou midia em geral. A única coisa que entendo muito é futebol, jogando até hoje uma pelada semanal salpicada de jogadores de divisões de acesso, daqui ou de fora, ou  e praia em atividade.
Sempre tive sentimentos misturados em relação à veneração que o Sócrates recebia. Lógico que o tinha em boa conta, mas não o alçava à condição de gênio.Até o dia em que você me ajudou a participar de um jogo da Fundação Gol de Letra, no Maracanã.
Estava no time do Raí e jogaria a segunda metade da partida. No time adversário, no primeiro tempo, estavam Zico, Junior e cia. No “nosso” estava o Doutor Sócrates. Fiquei meio perplexo olhando para ele. Mais alto que imaginei, magro como tinha certeza, mas com uma barriga saliente que parecia as das falsas grávidas da TV, como se tivesse sido aposta a um corpo esguio.
Com cinco ou dez minutos de jogo, uma bola é lançada para o Zico na entrada da área, que limpa um marcador e abre o placar para “eles”. Achava que os times estavam mal distribuídos com visível vantagem para o adversário. E aí, ele começou a jogar. Com menor número de passadas que todos os outros cobria uma distância maior que todos. Acelerava o jogo sem precisar correr. Seus tempo e espaço dentro de campo eram diferentes da maioria dos mortais.
Recebeu uma bola na intermediária, tocou para o lateral, se apresentou à frente e, com a devolução, ajeitou e bateu de fora da área, empatando o jogo com um lindo gol. Para comemorar, passou junto de onde estávamos, na lateral, tossindo sem parar. Gritei para os colegas “alguém aí consegue um cigarro pra ele, por favor!”.
E fiquei ali meio boquiaberto diante daquela contradição sobre dois caniços até o final do primeiro tempo, que terminou com aquele placar sem que a vantagem aparente do outro time conseguisse se materializar.
No balanço que você fizer da sua convivência com o Doutor, pode incluir mais essa: me provou que eu não entendia tanto de futebol quanto achava ao não escalá-lo no time dos gênios. Coisa que, obviamente, passei a fazer desde aquela fantástica noite.

*Alberto Pecegueiro é diretor-geral dos canais Globosat e ex-diretor de revistas da Editora Abril.

Fonte: http://blogdojuca.uol.com.br/

Dia 4 de dezembro de 2011





Dia 4 de dezembro de 2011

O dia em que uma das maiores torcidas do mundo acordou chorando de dor e foi dormir chorando de alegria.

Uma confusão de sentimentos como provavelmente jamais houve na história do futebol.
Às quatro e meia da manhã morria Sócrates Brasileiro, o Doutor, o Magrão, o Magro, o mago dos calcanhares geniais, o mais original de todos os jogadores da história centenária do Corinthians.
Às sete horas da noite esta história era enriquecida com seu quinto título brasileiro e a Fiel torcida que acordara deprimida comemorava eufórica a façanha do pentacampeonato.
Alguém já disse que o futebol imita a vida, e vice-versa.

É fato.

E se o cumpridor time alvinegro tinha pouca chance de se tornar inesquecível, eis que agora ficará para sempre na memória de todos como o time que foi campeão no dia em que Sócrates morreu.
E ele que já era inesquecível, acrescentará à sua história ter morrido no dia em que seu time o homenageou sendo campeão.

O que, convenhamos, é uma história bonita, linda mesmo.

E triste, profundamente triste.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Homenagem

Mensagem que recebi, no meu Facebook.




Dia 04.12.2011
Hoje o corinthiano chorou e sorriu
Hoje o Brasil chorou também
Foi-se um ícone da democracia corinthiana
Foi-se um cidadão que usou sua voz ativa pelo fim da ditadura
Serás eternizado, número oito, no manto alvi-negro
Um garotinho que gritava seu nome
Na hora do chute para o gol
Primeira memória de seu time do coração
Hoje esse garotinho viu o tempo passar
Como em um filme, trechos de sua vida
Como lembrança, ficarão os momentos de alegria
E como agradecimento, serás sempre homenageado
Apenas a morte leva o ídolo a se tornar um verdadeiro mito.
Como poucos, um exemplo a ser seguido…
Acima de qualquer rivalidade
Carregas em seu nome um pouco de todos nós
Descanse em paz Dr Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira

Ribeirão Preto dá adeus ao Dr. Sócrates

Domingo, 04 de Dezembro de 2011 - 21h53 ( Atualizado em 04/12/2011 - 22h59 )

Ribeirão Preto dá adeus ao Dr. Sócrates

Ex-jogador morreu na madrugada de domingo, vítima de infecção; velório e enterro aconteceram no Bom Pastor

Sidnei Quartier e Helio Pelissari
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O corpo de Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira Oliveira, 57 anos, baixou sepultura às 17h20 de domingo (4), no Cemitério Bom Pastor, em Ribeirão Preto. O ex-jogador repousa junto com os restos mortais do pai, Raimundo Vieira de Oliveira, falecido em janeiro de 2004.
O velório de Sócrates começou logo após a chegada do corpo, às 13h45, vindo de São Paulo, onde morreu às 4h30 da madrugada. Estima-se que cerca de quatro mil pessoas despediram-se do ex-craque do Botafogo e Corinthians.
Os filhos Rodrigo, Gustavo, Marcelo, Eduardo, Juninho e Fidel estavam lá. Dos seis irmãos, Sófocles, procedente de Santa Catarina, chegou duas horas antes do sepultamento.
Internado desde quinta
A morte de Sócrates foi às 4h30, no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde o ex-jogador estava internado desde a última quinta-feira, com infecção intestinal. Ele estava sedado e respirava por aparelhos. Esta foi a terceira internação do ex-jogador nos últimos quatro meses. Sócrates também tinha problemas no fígado.
O velório foi marcado pela presença de muitos ex-jogadores, entre eles o ponta-direita Mauricinnho, revelado no Comercial, e que jogou dez anos no Vasco, lembrou ter enfrentado Sócrates várias vezes.
Celulares e camisas
Durante o velório, até mesmo a posição do caixão foi mudada para agilizar a passagem do público, que fez questão de se despedir do ídolo. Nunca se viu tantas camisas do Corinthians, fora de um estádio, como na despedida do Doutor. Quanto mais simples as pessoas, maior a emoção. Muitos pousavam as mãos sobre a cabeça de Sócrates, que usava uma bandana e camisa brancas.
Um membro da família só reagiu quando alguns tentaram tirar fotos do ex-jogador com celular. Um dos momentos marcados pela emoção, foi quando o padre Dom André encomendou o corpo.
Lula, Dilma e Fafá de Belém mandaram coroas
Na sala ao lado do velório,  estavam as coroas de flores enviadas por amigos, fãs e autoridades. "Nossa homenagem ao amigo  Sócrates", enviada por Lula, Marisa e família. A presidente Dilma Rousseff também não se esqueceu do ex-craque e mandou uma bela corbelle de flores, além de publicar uma nota oficial.
O nome de Marlene Matheus, mulher do falecido presidente Vicente Matheus, que contratou Sócrates ao Botafogo, estava numa das faixas. O governador  Geraldo Alckmin também homenageou o ex-jogador.  O ex-atacante Palhinha, que formou dupla de ataque com Sócrates no Corinthians, escreveu: "Uma pessoa nunca morre quando está viva".
O amigo e seresteiro Bueno, com seu violão,  cantou no velório e no túmulo, como homenagem. Também foi entoada a música "Amigos Para Sempre". Um grande número de torcedores do Botafogo e do Corinthians, com bandeiras do clubes, cantaram hinos,  repetiram chavões e palavras de ordem.

Amigos destacam liderança
Sócrates foi lembrado ontem pelos amigos que acompanharam o seu velório. A maioria fez questão de se referir ao ex-meia como uma pessoa diferenciada, que marcou sua trajetória dentro e fora de campo. Gênio, "Magrão" era tido como pessoa leal aos amigos.
Wladimir, que foi companheiro de Sócrates durante o período da Democracia Corinthiana, não conseguia esconder a emoção ao falar do amigo.  Na fila para entrar para visitar o corpo, Wladimir disse que a liderança de Sócrates era algo natural, dentro e fora de campo. "Ele sempre foi um exemplo", disse.
O cineasta e diretor do Cine Clube Cauim Fernando Kaxassa, amigo do ex-jogador há mais de 30 anos, foi quem melhor acompanhou o dia-a-dia de Sócrates nos últimos 10 anos. Kaxassa era quem produzia os programas de TV de Sócrates, a quem nunca viu como um simples jogador ou médico. "Para mim ele sempre foi um grande artista, que enganava todo mundo", disse.
Além de Wladimir, outros ex-jogadores tambem estiveram em Ribeirão Preto para  se despedir de Sócrates. O ex-atacante da seleção brasileira, Careca e o ex-golerio Zetti prestaram homenagens. Pela internet, Zico, que atuou com o meia na Copa de 1982 e Ronaldo Fenômeno fizeram suas homenagens ao Doutor.
Família evitou a imprensa
Os familiares do ex-jogador Sócrates optaram ontem pela discrição e preferiram se manter longe da imprensa durante todo o velório durante a tarde em Ribeirão Preto. A mãe do ex-jogador, dona Guiomar, de 90 anos, chegou ao velório somente  no final da tarde, poucos minutos antes do enterro.
A imprensa pode acompanhar a maior parte da cerimônia, mas nos 30 minutos finais os familiares e amigos mais próximos puderam ter momentos de privacidade para poderem se despedir de Sócrates.

Exemplo
O ex-jogador Raí, irmão de Sócrates, foi o único da família a conversar com a imprensa ao final do enterro, no cemitério Bom Pastor. Raí lembrou que Sócrates sempre foi um grande exemplo para toda a família, principalmente pelo seu comportamento ético e  pela suas convicções. A postura do irmão contra a ditadura militar foi ressaltada pelo ex-jogador.
De acordo com o caçula, 11 anos mais novo que Sócrates, o irmão foi uma referência para o futebol. "Ele foi um ídolo para mim. Foi um exemplo para todos nós".  Raí lembrou que os momentos mais importantes da vida do irmão foram a Copa de 1982, onde o Brasil teve uma das melhores seleções de todos os tempos, e a sua participação na campanha pela Diretas Já em 1984.
O corpo de Sócrates foi enterrado junto ao do pai, Raimundo de Oliveira.