sábado, 9 de julho de 2011

Batom no carro... que roubada!!!


 * Bueno
buenocantor@terra.com.br

Meu amigo, quando você comprar um carro usado, fuce em tudo, revire gavetinhas, porta-luvas, olhe até debaixo dos bancos e tapetes para não acontecer uma roubada igual a que se meteu meu grande amigo Tião do Violão.
Veja essa: Tião do Violão é um tipo popular, muito querido nas rodas musicais e que em companhia de seu pinho vive entre cantorias e serestas. Sujeito bem casado há mais de trinta anos, sua primeira-dama, além de muito bonita, faz parte de uma safra rara de mulheres. Pintou uma oportunidade e eles tro­caram o carro. Tião adora música, mas ao tocar seus CDs pre­­diletos notou que lá pela quinta ou sexta faixa surgiamruídos de­gradáveis e pulava de música. Então resolveu dar uma passa­da no seu amigo Adalberto da Trissom, e e foi avisado que o to­ca-CD teria de ficar na loja por um dia.
Numa bela quinta-feira, a esposa do Tião viajou e voltou na sex­ta. Logo pela manhã, ele passou na Trissom, retirou o apare­lho e à tarde voltou para reinstalá-lo. O funcionário não conse­guia passar certo fio por trás do painel, e teve que desmontar a frente do console. Ao fazer essa operação, notou que o cinzeiro estava emperrado. Ele tentou, mexeu, remexeu até que des­co­briu o que impedia a abertura da gavetinha: um batom enor­me, em uma embalagem de um azul lindo e com enfeites dou­ra­dos. Tião, na inocência, colocou-o naquela parte do console em que deixamos moedas e pequenas bugigangas.
O som ficou show de bola e Tião, cheio de graça, saiu por aí ou­vindo Chico, João Nogueira e seus demais ídolos. Sexta à noi­te sua musa já estava na área. Sábado pela manhã foram dar um rolê. Tião colocou pra tocar um CD da Maria Bethãnea que a esposa adora, ela elogiou o som e até cantou junto... o fim de semana prometia ser de Romeu e Julieta.
Mas eis que, de repente, ela dá uma geral e ao ver o tal ba­­tom, solta um sonoro grito... “Que batom é esse???” Ele, que nunca foi de reparar nessas coisas femininas, devolveu na maior tranquilidade: “É seu, amor”. E ela:: “Meu???? Mas como meu?????!!! Desde quando eu uso batom Payot??? Você tá cansado de saber que só uso batom da Natura!!!” A “metralha­dora” mirava a cabeça do pobre Tião e não parava de disparar. E a munição não acabava.“Bastou eu sair pra você colocar outra no carro!!! E pela cor (o batom era de um vermelho escandaloso) devia ser de uma perua federal!!!”
Coitado do Tião... que roubada!!! Quando ela parava para tomar fôlego, ele tentava contar a história, mas de nada adiantava. E a Trissom não abre aos sábados para acertar o qüiproquó.
O agito do fim de semana virou terremoto, amigo. Barraco no chão. Na segunda-feira bem cedo, ela foi a Trissom, o funcionário lhe narrou a mesma história contada pelo Tião, só sei que nem essa testemunha ocular da tragédia convenceu sua primeira-dama e ela fez questão de deixar o malfadado batom no mesmo lugar.
Dia desses cruzei com o Tião numa roda de samba e perguntei: “E aí Tião, a historia do batom zerou???” E ele:“Que nada, Buenão. Ela não me deixa tirar o batom dali de jeito nenhum, tá sempre me enquadrando. E sabe que outro dia nós saímos, ela esqueceu de passar seu batom preferido e, baixando o espelhinho do quebra-sol do carro, disse: ‘Vou passar o batom de sua amante’” Tião, na brin­ca­deira, disse: “Nossa !!! Que bocão... Pra quê, Buenão!!! Começou tudo outra vez... Ela perguntou se eu estava me lembrando da outra, e lá veio tiroteio, patati, patata...”
Batom no carro, que perigo.

* Cantor e compositor

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