sábado, 1 de outubro de 2011

A magia das tintas e pincéis


Queridos amigos, este é meu texto desta sexta para o Jornal Tribuna, anexo o quadro de que falo acima.
Bom fim de semana.
Buenão. 



A magia das tintas e pincéis

* Bueno
buenocantor@terra.com.br
www.buenocantor.blogspot.com

Em janeiro de 2012, fará três anos que descobri a magia das tintas e pincéis. Digo a você, que tem o hábito de ler minhas escritas, que me tornei uma pessoa bem melhor, passei a enxergar coisas onde antes passava batido, cresci como ser humano, me fez um bem indescritível.
Passava eu, nem sei o motivo e a pé, pela rua João Ramalho, ali no seu primeiro quarteirão, bem na esquina com a Monsenhor Siqueira, e atentei para o que já tinha visto quando passava de carro. Estava escrito nas paredes de uma construção antiga: “Aulas de Pintura”. Isso em meio a alguns desenhos de Van Gogh. Quando a porta se abriu, um senhor beirando seus 60 anos convidou-me para entrar. Esse senhor era o artista plástico Miranda.
Já tinha lido muito a seu respeito, mas não esperava conhecê-lo ali, nem imaginava tanta humildade em um artista tão famoso. Ele deixou-me à vontade, perguntou-me se eu pintava, disse que não e que talvez nem levasse jeito para a coisa. E ele, gentilmente, disse de uma forma como a me incentivar. “Porque você não tenta, venha fazer umas aulas, só lhe fará bem, não precisa pagar nem comprar nada, use meu material, faça uma aula e se você não gostar, não continua”.
Resolvi encarar essa parada e logo na primeira aula disse ao meu mestre Miranda que não gostaria de pintar flores ou frutas e que meu sonho era um dia poder pintar os Beatles naquela famosa capa de 1966 em Abbey Road, em que os quatro estão atravessando uma rua sobre a faixa de pedestre.
Miranda tirou sua boina, coçou a cabeça e sabiamente respondeu: “Calma, Buenão, nada é impossível no campo da pintura, seu desejo poderá se consolidar, sim, mas primeiro deve mergulhar no universo e no segredo das misturas das tintas, nunca esquecendo o carmim é o tempero de tudo que você for pintar”. Miranda falou também que deveria começar pintando maçãs. Disse a ele mais uma vez que não queria pintar frutas. Mas Miranda, com toda a paciência, explicou-me que nas primeiras aulas era necessário pintar maçãs, uma, duas, dez, vinte até dar a impressão de que ela está saindo da tela, como uma verdadeira fruta. E lá fui eu, e obedecendo o mestre pintei tantas maçãs que nem sei, até que ele disse: “Agora você já pode pintar o que tiver vontade”.
Miranda é um ser humano encantador, incapaz de falar um não, já pintou mais de sete mil quadros árabes, é impressionante seu conhecimento nesse mundo, seu talento é tão imenso que tem quadro dele pelo mundo todo, no Palácio do Kremlin (sede do governo russo), na casa de praia que José Luiz Datena comprou do Robinho do Santos – Miranda pintou uma tela tamanho sete por quatro cujo tema é a chegada dos portugueses pelo mar –, e tem o talento dele também na casa do Sócrates no Condomínio Alphaville, em São Paulo. Também há um quadro dele no Palácio Rio Branco, sede da prefeitura de Ribeirão Preto, uma enorme tela que retrata um pedaço da nossa cidade antiga.
Miranda não é um artista marqueteiro, se fosse com certeza seria nome mundial e não o teríamos por aqui, e eu não teria aprendido o que sei. O que Miranda quer mesmo é tocar sua vida entre suas tintas e pincéis ao lado de sua esposa Sirlei, dos filhos Daniel, Eduardo, nora e netos. Sirlei, uma guerreira que dele não desgruda por nada, vive a paparicá-lo. Sob a batuta de meu mestre já pintei uns oitenta quadros e, meses atrás, realizei meu desejo de pintar os Beatles. Felizmente, e com muita emoção, pintei os quatro garotos de Liverpool atravessando a rua. Coloquei-o no cavalete em minha sala e fiquei a namorá-lo, mas conclui que algo estava errado, pois dois já morreram, então resolvi pintar outro igual, mas sem George e John. Passei nov\amente a observá-lo e pensei: “Pôxa, os dois morreram mas continuam mais vivos do que nunca”. Daí pintei suas auras num patamar mais elevado.
Adoro esse quadro, hoje ele ilustra meu texto. A vida nos tira coisas, mas nos dá outras, basta a gente estar atento, descubra você os prazeres das tintas e pincéis. E como sempre ouvimos: “Nunca é tarde para começar nada”.

* Cantor e compositor

2 comentários:

  1. Querido Bueno!!!
    Você é realmente um artista.
    Parabéns pelo quadro, pelo texto, pela VIDA.
    Tenho grande admiração por você.
    Beijos

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  2. Bueno, você me surpeendeu. Que maravilha descobrir nossas emoções, nossas vidas, nossos talento. Admirar nossa abra é algo divino. É nos enxergar pra dentro de nós mesmos e delirar na contemplação.
    Vou seguir seu caminho.
    Adria Maria - GRES Bambas

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