sábado, 15 de outubro de 2011

De Ribeirão a Bonfim, a caminhada da fé


* Bueno
buenocantor@terra.com.br
www.buenocantor.blogspot.com

Como acontece todos os anos em 12 de outubro, Dia das Crianças e também de Nossa Senhora da Aparecida, bem antes das seis da manhã nossa equipe da Secretaria da Cultura já organizava os bastidores da Romaria Ribeirão – Bonfim.
O dedicado Cezinha, na direção da nossa van, desde as quatro horas apanhava nossos amigos Cirso, Ana, Simara e Rogério em locais distantes. Depois, já na Vila Tibério, dona Dita Fogueteira com seus rojões e dona Odete com uma enorme caixa cheinha de pétalas de rosa. A eles se juntaram Lílian Bin, Regina, Cristina e Igor.
Seis da manhã em ponto, Cirso acende o estopim da bateria de fogos, acordando parte da nossa cidade, anunciando que Nossa Senhora da Aparecida já está sobre o andor cuidadosamente preparado, em frente à passarela da Câmara Municipal, abençoando a todos que por ela procuram no afã de receber uma graça ou agradecer graça alcançada, e o que eu vi deixou-me impressionado. Fiquei com o corpo arrepiado quase que o tempo todo, que coisa linda e inexplicável é a fé.
Paulinho, da comunidade da Igreja Coração de Maria, empunhando seu violão, emocionava a todos, inclusive eu, com sua oratória maravilhosa e canções sobre nossa padroeira. Fernando Braga, jornalista do Jornal da Vila Tibério, registrava a emoção que pairava no ar e que tomava conta do publico presente. O vice-prefeito Marinho Sampaio confessou-me que o publico deste ano era superior ao do ano passado. Eu só sei que podíamos ver um verdadeiro mar de gente na frente da Câmara.
O ponto alto foi quando Luis Gustavo e Luiz Augusto, os meninos cantores de Bonfim Paulista, cantaram lindamente Ave Maria, e em seguida padre Julio abençoou os romeiros. Pouco depois das oito, o cavaleiro Felix tocou seu berrante, fiéis colocaram o andor nos ombros e deram inicio à 47ª Romaria de Ribeirão a Bonfim. Pela frente estavam 11,5 quilômetros a serem percorridos, com previsão de chegada minutos antes do meio dia na igreja onde seria realizada a missa.
Chegava a informação de que a avenida Caramuru estava com uma das mãos totalmente tomada até o Anel Viário, nunca se viu tanta gente. E lá fomos nós, o que se via no trajeto eram crianças carentes que, com suas mães, esperavam por doações dos romeiros que levavam balas, pirulitos e fitas, justamente para isso.
Imagens de Nossa Senhora de todos os tamanhos também estavam nos braços de fiéis, que aguardavam pela passagem da santa. Pouco antes da avenida João Fiúsa, uma família distribuía gratuitamente copinhos plásticos de água. Mais à frente, doações de pãezinhos. Na região dos condomínios, a Policia Militar, a Guarda Civil Municipal e a Transerp, com os “marronzinhos”, tiveram que ter muito jogo de cintura para dominar quem deles queriam sair, e aquela serpente de gente rastejava caminho afora.
Do alto do pontilhão do Anel Viário, onde a romaria passa por baixo, em meio a um grande publico estavam Simara, dona Dita Fogueteira e dona Odete com a caixa de pétalas esperando a passagem do andor. A medida em que ele se aproximava, a emoção foi contagiando a todos, e no momento da chuva de rosas o choro foi geral, nunca vi nada igual, tudo em meio a uma enorme salva de palmas e vivas a Nossa Senhora da Aparecida.
Já estávamos na parte de terra do caminho, vi muita gente descalça pagando com sacrifício suas promessas, vi também diversos altares com velas acesas que adornavam nossa passagem, alguns paravam para orar, às vezes até deixando algo.
Ao passarmos pela região do Royal Park, um caminhão e uma van distribuíam água gelada e bananas de graça, e a doce fruta caía como uma luva naquele momento. Logo à frente, bares improvisados vendiam de tudo, até cerveja, ali muita gente jogou a toalha, principalmente alguns cavaleiros.
Nesse trecho de terra senti falta das árvores que foram arrancadas, dando lugar a futuros condomínios. Elas nos protegiam com o frescor de suas sombras. Por fim, chegamos em Bonfim Paulista, que a todos recebia carinhosamente, em mais uma demonstração de fé. Missão cumprida e gratidão e, como da última vez, cheguei sem me cansar e com minha fé renova­díssima!!

* Cantor e compositor

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