sábado, 5 de outubro de 2013

Fez quarenta? Tá na hora de levar o dedão..

Bueno *
buenocantor@terra.com.br
www.buenocantor.blogspot.com
Não poderia escrever esta crônica sem antes consultar meu parceiro de serestas e boemias, Tião do Violão. Aproveitei para fazê-lo no último sábado, quando fomos fazer um samba na casa do Tony e da Elaine, que nos recepcionaram com muitas geladas e uma suculenta feijoada.
Na roda de bate-papo, aproveitei e tasquei a pergunta pro Tião: “Parceiro, quero que você me conte como foi sua primeira vez no urologista, como foi a dedada do doutor, não esconda nada porque vou colocar no papel...” Pego de surpresa, ele devolveu: “Pô, Buenão, para com issom cara.”
Emendei: “Não fuja da raia, não, Tião! Diga aí, meu velho.” Nes­sa altura Adalberto, Eduardo, Carlos, Marcelinho e Luiz Es­te­ves, todos com passagem “dedais” e mais que interes­sa­dos, passaram também a incentivar nosso seresteiro a comen­tar o acontecido. Tião, que já tinha tomado algumas, tratou de dei­­xar a timidez de lado e até passou a filosofar, se abrindo que nem paraquedas.
Disse ele: “Chegar aos quarenta, Buenão, até que é uma boa, mostra que chega a essa idade passou por fases das mais interessantes, fez todas as estripulias possíveis e impossíveis, mas tem lá seus revezes e acho que o pior que pode acontecer pra quem entra nessa idade é o tal de exame de próstata...”
E continuou: “Poxa!!! Que chatice, amigo. Minha primeira vez começou com o médico pedindo um exame de sangue, o tal de PSA. Resultado na mão, já no consultório, ele me mandou tirar a calça e deitar na maca, numa posição vexatória...”
Ele falava e a galera ali, na maior expectativa. “Daí o vi colocando luva e lambuzando o dedão de vaselina. Pensei: ‘Ainda bem que não é a seco...’ E aí, meu irmão, lá vai o dedão procurando localizar a tal próstata, foi rápido, mas parecia uma eternidade, saí de lá andando meio torto e achando que gay é macho pra caramba, amigo”.
Luiz Esteves, que já é freguês de carteirinha do urologista, entrou na conversa e mandou ver: “Olha, gente, essa de levar o dedão causa arrepios em nós homens, ainda mais numa sociedade machista em que vivemos, mas não temos como fugir dessa parada indigesta. Tenho amigos que já passaram dos cinquenta e ainda não foram visitar o homem de branco, tudo por causa do tal dedão, preconceito, falta de coragem ou os dois”.
E prosseguiu: “Eu mesmo sempre adiava minha dedada, até que me veio a notícia de que um amigo de serviço estava com problemas na próstata, bem ali na zona do agrião, daí enchi-me de coragem e lá fui eu... Lembro-me como se fosse hoje do tempo em que passei ali na sala de espera, tinha uns oito na minha frente e ninguém tocava no assunto, eu olhava no rosto de cada um e via neles somente aquela aparência apreensiva, mesmo os que já eram clientes antigos não consegui­am disfarçar o incômodo que antecedia aqueles momentos”.
Marcelinho lembrou-se de uma charge que rola na internet, tem uns seis ou sete na sala de espera, quando o médico abre a porta saí um cliente com a mão na bunda e o doutor, um cara enorme com uma mão maior ainda, pergunta: “Quem é o próximo????” Ninguém levanta (kkkkk).
Adalberto, querendo tirar uma, disse: “O perigo do dedão é se apaixonar pelo doutor.” E a conversa foi rolando e Eduardo, também quarentão, disse:  “Aconselho os mais afoitos que, quando forem levar o dedão, que façam como disse a Marta Suplici... ‘Quando o estupro for inevitável, relaxe e goze’.”
Atair, sogro do Tony, apareceu de repente, mas nada falava até que Carlos lhe perguntou: “E, você Atair, já levou o dedão???” O velho boiadeiro, que tem mais de setenta, respondeu: “Sai fora, caboclo, já amansei cavalo bravo, já montei em touro valente e já toquei muitas boiadas por este Brasil afora, nunca levei e nunca vou levar esse tal dedão...” Ai foi uma festa de risadas. Se chegar a sua hora de levar o dedão, não esquenta, tudo na vida tem a primeira vez. Boa sorte...
* Cantor e compositor

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