sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Difícil explicar

Bueno *
buenocantor@terra.com.br
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Muito me marcou uma imagem que rolou pelo Facebook, um registro do velório do ator Claudio Cavalcanti. Muitas pessoas levaram seus animais para dar-lhe adeus. Ele era uma espécie de protetor deles, até porque ocupava o cargo público de secretário da Causa Animal do Rio de Janeiro.
Entre cães e gatos, tinha até um galinho de nome Fred, acho que a dona ou dono torce pro tricolor carioca e homenageou o atacante batiuzando o penoso com o nome do camisa nove. Enquanto os animais se debruçavam sobre o caixão, o galinho Fred saracoteava pra lá e pra cá e a esposa de Claudio até comentou que ele deveria estar se divertindo muito com tudo aquilo.
Vi também nesta semana a imagem de um fiel cão na porta de uma delegacia de polícia. O dono havia sido preso e ele, em posição de alerta, só olhando porta dentro do DP sem nada entender. Na quarta-feira, mais uma imagem linda do reencontro de um soldado com seu cachorro após dois anos separados.  E nessa quinta-feira, em Salvador, outra imagem que balança qualquer um: pedestres tiraram um cão da enxurrada a menos de um metro do bicho ser engolido por uma cratera aberta no asfalto.
Abri a gaveta da minha memória e voltei mais de trinta anos, quando me vi buscando, na fazenda do meu amigo Francisco Faleiros, um filhote de pastor alemão capa preta. Foi o meu primeiro cachorro. De cara, dei-lhe o nome de Lobo, em homenagem ao cachorro do Vigilante Rodoviário, Carlos Miran­da, um de meus heróis. Lobo deixou-me um filho, Swat, lembrando a polícia americana. Swat deu-me Ringo, em homenagem ao caubói dos filmes de faroeste que tomava tiros e não morria. Ringo também se foi, mas deixou-me seu filho Rambo, em homenagem ao fortão que povoava a cabeça de meus filhos com suas aventuras. Rambo também já viajou faz uns dez anos, sinto saudades de todos e jamais esquecerei a fidelidade e o amor que deles recebemos, um amor que não se explica.
Hoje moro em apartamento e não posso mais ter cães, até porque não tenho quintal que acho essencial para o melhor amigo do homem. Dia desses cruzei com Alexandre, querido amigo, e sua esposa Daniela. Daí começamos a falar sobre este amor inexplicável dos cães por nós e até lhe perguntei como estava Gold, o cachorro que eles foram buscar em São José dos Campos, isso depois de muita negociação pela internet.
Alexandre, entristecendo seu semblante, disse: “Buenão, ele está com a mesma doença que matou o Paxá, sorte que descobrimos e ele está sendo cuidado. Vamos seguindo de braços com a esperança torcendo para que ele viva muitos anos”.
Gold é da mesma raça do Paxá, um são bernardo um pouco menor. Sobre Paxá, disse-me Alexandre que na separação de seu primeiro casamento, sua ex não deixou ele ficar com o cão. Ela morava em São Paulo e ele aqui, em Ribeirão Preto, sofrendo com a saudade que invadia seu coração, pois os dois eram inseparáveis.
Ela doou Paxá para um senhor, que depois de algum tempo lhe telefonou dizendo que desde que o cão foi morar em sua casa, o pobre animal não comia e que ele não era pra ser dele, pediu-lhe ainda que fosse buscá-lo.
 Ela ligou para Alexandre que imediatamente foi até Sampa. Já prevendo o reencontro com o amigo, levou água e comida na carroceria da sua Pampa e, ao se aproximar do endereço, baixou a tampa trazeira para recepcionar Paxá. Enquanto procurava o numero da casa, nem percebeu que Paxá já estava dentro do carro. Ele não sabe como, mas lá estava o danado tomando água e se alimentando... Alexandre me contava essa história e eu só imaginando esse momento lindo por eles vivido... Poxa !!! Quanta emoção!!!
Alexandre não se cansa de perguntar como Paxá percebeu que ele estava por perto, quantos sentidos tem um cão ao ponto de fazer isso tudo acontecer. Quando Paxá morreu, Alexandre postou no Facebook um pequeno texto despedindo-se do amigo... Hoje Gold é a alegria da família, recebe amor e distribui carinho, fica aqui nossa torcida de muitos anos de vida pra ele.
 
* Cantor e compositor

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