sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cenas ‘praieiras’

Bueno *

Poxa!!! Mas que bela temporada pegamos no final de ano na praia, em Mongaguá. Foram oito dias do mais delicioso sol, de gente alegre, de cantorias noturnas, de samba com meu amigo Ismael, um mar mais que convidativo para um mergulho e para furar enormes e cristalinas ondas... Mas também de um calor que nunca senti antes, ventilador nenhum dava refresco.
Após um belo café matinal, uma caminhada de cinco quilômetros. Na volta, procurava abrigo no meu guarda-sol duplo e ficava ali só de “butuca”, tomando aquela água que passarinho não bebe e jogando conversa dentro com meu amigo Vagninho bombeiro. Ele não tinha sossego, picava cartão pela praia toda. Vagninho é um cara bom de papo, bom de copo e excelente “pé-de-valsa”.Ele e a esposa Neuza davam show de dança de salão, animando as noites da nossa colônia de férias...
Pra passar o tempo, resolvi criar, ali na areia, uma comissão julgadora para darmos notas ás sereias do nosso verão, e pra fazer parte do nosso banco de jurados convidei Vagninho, que aceitou de cara, dizendo ser sua especialidade. Ocupou seu lugar com um latão de cerveja na mão. na trilha entre os guarda-sóis fizemos nossa passarela, e pertinho da gente estava outro bombeiro, Valtinho, com a esposa Marlene, sua filha Èrica e genro Rodrigo além do netinho.
Valtinho, vendo nossa animação, também quis sentar no banco de jurados, dizendo que de beleza de mulher ele entendia. Chegou com sua caixa térmica carregadinha de geladas, cobertas carinhosamente por uma linda camada de gelo. Ele ficou paralisado quando pintou no pedaço um tremendo avião, de cara deu 10 e olhou pra mim, que fui obrigado a concordar. Vagninho também. A moça realmente merecia, tanto pela comissão de frente, quanto pela preferência nacional. Esbanjava charme, simpatia e elegância a caminho do mar, que até se rendeu diante de tanta beleza.
E assim o tempo passava, ficávamos ali nos divertindo. De repente entra na passarela uma “mocréia”, Vagninho deu aquela olhada pra mim e logo saquei que a nota seria baixa. Ele deu zero, eu e Valtinho também, e a gente caiu na gargalhada. Fez falta em nosso banco de jurados o bombeiro Sergio Fanini e seu bem humorado cunhado Viccari. Naquela muvuca toda, lembrei-me do que certa vez me disse meu parceiro Sócrates: “ Buenão... praia é o espaço mais democrático que existe”. E ele tinha razão, de sunga e chinelas havaianas todo mundo é igual.
Abrimos mais algumas latinhas... Nessa altura o nível de nossas caixas estava lá em baixo, e nosso nível etílico estourando bafômetros, quando entra na passarela um corpo escultural que chamou a atenção de todos ao redor. Ela, uma loira de um metro e oitenta mais ou menos, seu fio dental nos apresentava todos os seus atributos, sua pele bem cuidada dava o tom do verão.
Notamos que a praia inteira se alvoroçou e acompanhou aquele monumento entrando no mar... De cara, nós três tascamos nota 10 pra moça e ela saiu do mar fazendo festa. Para olhares desejosos, a moça, na maior elegância, ajeitava os cabelos e sabendo que estava sento observada por toda a galera, até se deu ao luxo de provocar ainda mais, parando num daqueles carrinhos que mais parecem uma loja ambulante. Ela fazia de conta que estava provando saídas de praia, biquínis, chapéus e tudo mais...
Abrimos mais uma latinha, olhando a moça a poucos metros da gente, daí Valtinho falou: “Amigos, tá certo que tomamos bem, mas e se a gente se enganou e essa loira for um tremendo travecão?” “Ô loco, meu!!!”, respondeu Vagninho. “Não é possível!!!”, emendou Fomos lá conferir e, meio que sem jeito, rodeamos a moça, até que perguntei : “Você é artista???” Ela sorriu e quando abriu a boca pra responder, sua voz entregou. Valtinho tava certo, que roubada, meu irmão... O jeito foi fechar nossa banca, baixar a bola e abrir mais uma gelada (risos).

* Cantor e compositor

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