segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Nossos músicos

Bueno *
buenocantor@terra.com.br
www.buenocantor.blogspot.com


Aos domingos, tipo ás oito da manhã, ligo meu velho rádio para ouvir meu querido amigo Abel Santos na rádio Clube AM. Ali a hora passa e eu nem me dou conta, pois sei que estou em companhia de boa música e música alimenta a alma. Enquanto isso cuido dos meus e-mails e também dou meu passeio pelo Faceboock.
Abel, com sua bonita voz e aquele bom humor cativante, vai alegrando o meu dia. Ele fala do nosso Corinthians, canta, declama, nos conforta com mensagens de otimismo, manda abraços para uma legião de amigos que só um ser humano de um coração tão puro como o dele consegue agregar.
Alguns domingos atrás ele tocou um bolero cantado por Anísio Silva, também de belíssima voz. Fiquei em silêncio ouvindo a música e transportei-me ao meu tempo de garoto, quando o que mais se ouvia no rádio era ele, além de Francisco Petrônio, Angela Maria, Caubi Peixoto, Roberto Carlos e outros grandes nomes.
Nesse passeio pelo meu passado, lembrei-me de alguns músicos aqui de Ribeirão Preto que muito lutaram e continuam lutando pra conseguir um lugar no cenário musical brasileiro, e de como certos cantores são descobertos até que meio que por acaso, como é o caso do Anísio Silva. Era balconista em uma farmácia em São Paulo e trabalhava o dia todo cantando. Um belo dia, um cliente que sempre o ouvia soltar a voz o orientou a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde o point dos artistas era o famoso Café Nice, bem ali na zona boemia.
Seu estilo cairia como uma luva e não deu outra, Anisio Silva foi para o Rio e arrasou, tudo que ele gravou fez sucesso, como, por exemplo, “Alguém me disse”, “Quero beijar-te as mãos” e outras mais. Francisco Petrônio é outro cantor que foi descoberto assim meio sem querer. Eu costumo usar um velho ditado de que nada acontece por acaso.
Ele era taxista e também vivia cantando para seus passageiros, sua voz linda e aveludada só fazia bem aos ouvidos de quem tinha a sorte de entrar em seu táxi. Certa noite, um “anjo” lhe solicitou uma corrida. Era o cantor Nerino Silva, que se encantou com a voz dele, levou-o para um teste na extinta TV Tupi com Cassiano Gabus Mendes, que o contratou na hora. Seu maior sucesso foi “Baile da saudade”. Petrônio nos deixou em 2007, aos 83 anos.
Voltando aos cantores de Ribeirão Preto que batalham, digo que meu querido amigo Celso Miguel, dono de uma das vozes mais lindas que já ouvi, está em Sampa faz muitos anos, mas infelizmente não teve aquela mão no ombro de que tanto falo, tipo “agora é a sua vez”. Ele é queridíssimo na capital, Celso continua por lá fazendo aquilo que Deus lhe deu o privilégio de fazer, “cantar”.
O nosso Kiko Zambianki continua por lá, depois de grande sucesso com sua genial composição “Rolam as pedras” e a versão de “Hey Jude”, dos Beatles. Hoje ele faz shows e se dedica a trilhas de filmes. Recentemente, uma safra de artistas aqui da terrinha começaram a arrasar pelo nosso Brasil, começando pelo Sambô, que organizava por aqui uma linda roda de samba.
Os caras do Sambô foram a Sampa cantar na festa de um jogador de futebol e agradaram tanto que a coisa acabou virando um rolo compressor. Num desses eventos, um esperto empresário entrou na área, emplacou uma música do grupo em novela e daí em diante começaram a colher os frutos.
A banda Oba Oba Samba House, com Luciano Tiso no comando, foi chamada pra cantar no navio do Roberto Carlos, o empresário do rei gostou e o grupo virou sucesso, também com direito a música em novela. Parece que depois de muita luta chegou a vez da banda Rod Hanna. Estão na abertura da novela “Boogie Oogie” e tenho certeza de que vai estourar, pois são os melhores neste seguimento. São nossos artistas de Ribeirão Preto para o mundo.


* Cantor e compositor

Nenhum comentário:

Postar um comentário