Bueno *
Se tem um delegado
de Polícia Civil pra quem eu tiro meu chapéu, este é o doutor Sérgio Siqueira.
Com ele bandido não tinha moleza, não, amigo, era tratado como bandido mesmo.
Dr. Siqueira é meu querido amigo de longa data, época em que ainda era subtenente
da Polícia Militar e eu policial rodoviário. Ele estava prestando concurso para
delegado e quando passou, falei para meus companheiros: “Perdemos um senhor
policial e a Polícia Civil saí ganhando de goleada, pois terá em suas fileiras
um delegado com uma bagagem que poucos têm”.
Naquele tempo,
Siqueira já era temido pelos bandidos da cidade e pelos motoqueiros que
arriscavam a vida `nas tardes dos domingos em “rachas” na avenida Presidente
Castelo Branco. Quando ele chegava no pedaço com sua equipe era uma esparramada
geral, uma correria até bonita de se ver, mas alguns “manés” sempre caíam na
rede e pagavam pelos outros que fugiam.
Eu adoro usar
chapéu e o responsável por incorporá-lo na minha indumentária é justamente o
Dr. Siqueira, isso porque, certo dia, apresentei meu programa de TV “Canta
Ribeirão” com um chapéu “panamá”, era uma homenagem ao sambista carioca João
Nogueira. Ele assistiu e quando a gente se cruzou num domingo, no Clube de
Regatas, ele me disse: “Buenão, você ficou muito bem de chapéu na TV, use
sempre e assim você vai consolidar uma marca toda sua”. Ele tinha razão, hoje
tenho muitos chapéus e até agradeço ao querido amigo.
Nos campeonatos de
futebol lá no Regatas, Dr. Siqueira é um zagueiro de respeito, daqueles que
chegam junto e não dão mole pra atacante nenhum. Mas bamba mesmo ele é numa
mesa de bilhar, é sempre campeão, quando há torneio é comum vê-lo caminhando
pelo clube com um estojo em que guarda a sete chaves seu taco mágico.
Cantei por 16 anos
no restaurante Ponto Chic e Dr. Siqueira e esposa sempre me prestigiavam, eu
até sabia de suas preferências musicais e as cantava com prazer. É grande fã de
Benito di Paula e, empolgado, às vezes até subia no palco, passava a mão num
tamborim e não deixava a peteca cair, o samba de seu ídolo ficava redondinho.
Ali, numa noite
batendo papo em sua mesa, ele revelou me ser corintiano. Só dava entrevista
para uma emissoras de TV se o distintivo do Corinthians aparecesse ao fundo,
mas por um descuido seu, um de seus filhos bateu asas para os lados do Morumbi.
Meu irmão Rubão e
seus filhos Daniel e Vitor são são-paulinos de carteirinha, e quis o destino
que sua filha Camila e Francelso, filho do Dr. Siqueira, juntassem as alianças.
Foram morar pertinho de meu mano. Quando ela engravidou e descobriram que seria
menino, Rubão recebeu a visita de Siqueira, que feliz da vida fora lhe propor
um acordo. Disse ele: “Rubão, vamos fazer o seguinte, vocês escolhem o nome,
façam o que quiser, mas o time eu e Francelso escolhemos, fechado????” Rubão
topou e também muito feliz bateu o martelo.
O garoto nasceu e
no quarto dele havia tudo que lembrava o Corinthians: berço, cuequinha,
blusinha, bandeira na parede... Na porta estava escrito: “Aqui mora um
corintiano”. O menino foi crescendo, convivia nas duas casas, duas torcidas
inimigas, meus sobrinhos tentando fazer a cabecinha do garoto para ele virar
casaca... Por azar, o São Paulo entrou naquela fase de ganhar tudo, alguns
coleguinhas de classe mudando de time e o pequeno falou para seu pai que
viraria são-paulino. Francelso, muito nervoso, foi até a casa de meu irmão
Rubão e sobrinhos lembrá-los do acordo.
Tudo acertado, o
garoto hoje está com a cabeça feita e a nação corintiana pode contar pra sempre
com mais um no seu bando de loucos. Dr Siqueira, um baita abraço, sinto orgulho
de ser seu amigo.
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Cantor e compositor
muito legal !!
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