* Bueno
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Você já foi a uma
festa em que uma moça roubou a cena??? Tenho certeza que sim. Veja este
“causo”. Meu amigo Luiz Henrique estava fazendo 50 e, como é muito
criativo, elaborou um convite muito original, um “sarro”, bem ao
seu estilo descontraído!!
Pô, meu, fazer 50 não
é mole não, o cara já viveu meio século, amigo!!! A festa ia começar no sábado,
depois das cinco da tarde, sem hora para acabar, invadindo o domingão, depois
do jogo do Corinthians, claro!! Afinal, Luiz, o aniversariante, é corintiano
de carteirinha.
O Templo da
Cidadania, local por ele reservado para o regabofe, eu já conhecia, é lindo,
e como tudo que ele faz, faz bem feito, mergulhei de cabeça na parada porque
sabia que a festa ia ser da melhor qualidade (como foi). Eu até comprei as
fraldas geriátricas pedidas no convite, que não era para o “novo
cinquentão”, e sim para o Lar São Francisco que abriga velhinhos
carentes.
Minha primeira-dama
não podia me acompanhar, daí convidei Tião do Violão, companheiro de tantas
boemias que deu um nó na sua mulher e topou encarar essa festa. Como sei que
ele é chegado numa água que passarinho não bebe e num samba dos antigos, nem
pensou duas vezes e lá fomos nós.
Chegamos ao Templo
tipo oito da noite, de longe já ouvíamos o som de um cavaquinho bem tocado, um
violão fazendo contracantos, pandeiro, surdo e tudo mais pra enriquecer um bom
um samba de raiz. Tião comentou: “Buenão!!! Que lindo cara, tá pra nós
amigo, música da boa, cerveja gelada, uma mandioca cozida de dar água na boca
acompanhada de uma carne suculenta com farofa... Cara, não preciso de mais nada
pra fechar com chave de ouro meu final de semana, meu velho!”
No meio de tanta
gente sentada ou de pé, havia uma bonita moça, daquelas de parar o trânsito e
fazer o guarda bater continência. Ela tinha mais ou menos um metro e oitenta,
corpo de chamar a atenção até de defunto, até porque ela usava um vestidinho
verde coladinho no corpo, quase costurado nele, e parecia não ter nada por
baixo, modelo tomara que caia e bem curto... Desses tipo “piriguete”,
lembrando-me versos escritos pelo compositor Noel Rosa, que estava num bar
quando entrou uma moça usando trajes como a que aqui relato: “Menina,
este seu vestido...Tão decente não acho... Ele é muito baixo em cima... E muito
curto em baixo...” Ah!! Esse Noel...
Num canto estavam
Ricardo, Weser, Picasso, Wilson, até o cantor sertanejo Amendoim, especialista
em cantar a obra de Zé Rico, estava ali, e tratamos logo de nos juntarmos a
eles.
Tião do Violão já
tinha tomado algumas e estava na maior alegria, louco pra levar um lero com a
moça que circulava com desenvoltura por todo ambiente, sempre com o copo na
mão. Eu lhe dei um toque para baixar a bola, pois até então não sabíamos quem
era a moça. Vai que fora contratada para animar a festa, pois a gente sabia que
Luiz Henrique era capaz das maiores surpresas... Só sei que ninguém tirava os
olhos dela, até as mulheres com maridos a olhavam com uma pontinha de inveja...
ou estresse.
O tempo passava e a
moça era pura festa para os olhos dos homens e começava despertar ciumeira nas
mulheres, quando, de repente, a banda atacou com um samba daqueles que não
deixa ninguém parado. Aquela batida do surdo e cavaquinho contagiou a garota,
que resolveu subir ao palco, e aí o show esquentou, amigo!!! Ela dançava,
rebolava, virava o bumbum pra galera, mexia e remexia intercalando com umas
abaixadas que quase mostravam o umbigo, pois o vestidinho insistia em diminuir,
só se via gente esticando o pescoço, mudando a cadeira de luga0,r procurando
melhor ângulo, mulher beliscando o marido...
Até que ela desceu e,
ao passar perto da nossa galera, parou e deu uma abaixada para arrumar o
sapato... Tião quase enfartou com o que viu, Amendoim errou a boca derramando a
ceva na camisa e para os demais amigos foi só alegria. E assim seguiu a festa a
noite toda, os “senhores babões” sem saber o nome da moça e nem de
que “planeta” ela tinha vindo... o que muito pouco importava.
Para voltarmos para
casa, ligamos para o Toninho taxista, que sempre nos transporta nessas
ocasiões, e no caminho Tião comentou: “Buenão, ainda bem que viemos sem
as nossas primeiras-damas, amigo, senão ia dar o maior BO, cara!!”
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