sexta-feira, 20 de abril de 2012

Tinha uma piriguete na festa

* Bueno
buenocantor@terra.com.br
www.buenocantor.blogspot.com

Você já foi a uma festa em que uma moça roubou a cena???  Tenho certeza que sim. Veja este “causo”. Meu amigo Luiz Henrique estava fazendo 50 e, como é muito criativo, elaborou um convite muito original, um “sarro”, bem ao seu estilo descontraído!!
Pô, meu, fazer 50 não é mole não, o cara já viveu meio século, amigo!!! A festa ia começar no sábado, depois das cinco da tarde, sem hora para acabar, invadindo o domingão, depois do jogo do Corinthians, claro!!  Afinal, Luiz, o aniversariante, é corintiano de carteirinha.
O Templo da Cidadania, local por ele reservado para o rega­bo­fe, eu já conhecia, é lindo, e como tudo que ele faz, faz bem feito, mergulhei de cabeça na parada porque sabia que a festa ia ser da melhor qualidade (como foi). Eu até comprei as fraldas geriátricas pedidas no convite, que não era para o “novo cinquentão”, e sim para o Lar São Francisco que abriga velhinhos carentes.
Minha primeira-dama não podia me acompanhar, daí convidei Tião do Violão, companheiro de tantas boemias que deu um nó na sua mulher e topou encarar essa festa. Como sei que ele é chegado numa água que passarinho não bebe e num samba dos antigos, nem pensou duas vezes e lá fomos nós.
Chegamos ao Templo tipo oito da noite, de longe já ouvíamos o som de um cavaquinho bem tocado, um violão fazendo contracantos, pandeiro, surdo e tudo mais pra enriquecer um bom um samba de raiz. Tião comentou: “Buenão!!! Que lindo cara, tá pra nós amigo, música da boa, cerveja gelada, uma mandioca cozida de dar água na boca acompanhada de uma carne suculenta com farofa... Cara, não preciso de mais nada pra fechar com chave de ouro meu final de semana, meu velho!”
No meio de tanta gente sentada ou de pé, havia uma bonita moça, daquelas de parar o trânsito e fazer o guarda bater continência. Ela tinha mais ou menos um metro e oitenta, corpo de chamar a atenção até de defunto, até porque ela usava um vestidinho verde coladinho no corpo, quase costurado nele, e parecia não ter nada por baixo, modelo tomara que caia e bem curto... Desses tipo “piriguete”, lembrando-me versos escritos pelo compositor Noel Rosa, que estava num bar quando entrou uma moça usando trajes como a que aqui relato: “Menina, este seu vestido...Tão decente não acho... Ele é muito baixo em cima... E muito curto em baixo...” Ah!! Esse Noel...
Num canto estavam Ricardo, Weser, Picasso, Wilson, até o cantor sertanejo Amendoim, especialista em cantar a obra de Zé Rico, estava ali, e tratamos logo de nos juntarmos a eles.
Tião do Violão já tinha tomado algumas e estava na maior alegria, louco pra levar um lero com a moça que circulava com desenvoltura por todo ambiente, sempre com o copo na mão. Eu lhe dei um toque para baixar a bola, pois até então não sabíamos quem era a moça. Vai que fora contratada para animar a festa, pois a gente sabia que Luiz Henrique era capaz das maiores surpresas...  Só sei que ninguém tirava os olhos dela, até as mulheres com maridos a olhavam com uma pontinha de inveja... ou estresse.
O tempo passava e a moça era pura festa para os olhos dos homens e começava despertar ciumeira nas mulheres, quando, de repente, a banda atacou com um samba daqueles que não deixa ninguém parado. Aquela batida do surdo e cavaquinho contagiou a garota, que resolveu subir ao palco, e aí o show esquentou, amigo!!! Ela dançava, rebolava, virava o bumbum pra galera, mexia e remexia intercalando com umas abaixadas que quase mostravam o umbigo, pois o vestidinho insistia em diminuir, só se via gente esticando o pescoço, mudando a cadeira de luga0,r procurando melhor ângulo, mulher beliscando o marido...
Até que ela desceu e, ao passar perto da nossa galera, parou e deu uma abaixada para arrumar o sapato... Tião quase enfartou com o que viu, Amendoim errou a boca derramando a ceva na camisa e para os demais amigos foi só alegria. E assim seguiu a festa a noite toda, os “senhores babões” sem saber o nome da moça e nem de que “planeta” ela tinha vindo... o que muito pouco importava.
Para voltarmos para casa, ligamos para o Toninho taxista, que sempre nos transporta nessas ocasiões, e no caminho Tião comentou: “Buenão, ainda bem que viemos sem as nossas primeiras-damas, amigo, senão ia dar o maior BO, cara!!” 

* Cantor e compositor

Nenhum comentário:

Postar um comentário