sábado, 28 de abril de 2012

Alfredo ...Quem diria!!!



Cruzei com meu ‘amigaço’ Tião do Violão bem ali no Calçadão da General Osório, próximo ao Pingüim, que perguntou-me onde eu estava indo. Disse-lhe que estava a caminho do velho mercadão, para ver se tinha chegado meu novo chapéu Panamá, que havia encomendado na Chapelaria Pean, de quem eu sou cliente habitual. Tenho o costume de sempre ter dois chapéus na reserva, sendo um com a fita preta e outro com a fita creme. Tião disse: “vou contigo” e fomos descendo a velha General Osório quando comentei com o ele: “Tião você sabia que aqui onde estamos passando já passaram muitas boiadas, amigo?”. Ele olhou-me meio que incrédulo, daí arrematei: “Paulo Garde ali do Center Foto parceiro de mocidade, tem um arquivo genial e outro dia postou no Facebook, aquela boiada subindo bem aqui onde estamos”, e fomos seguindo naquele Calçadão, que naquela manhã de sábado estava transbordando de gente, parecia a 25 de março da capital, amigo! Papo vai, papo vem, Tião disse: “Buenão, coisa chata é morrer no fim de semana né?” Eu dei um tempo e falei: “Cara!!! É chato morrer qualquer dia, mas porque num fim de semana pode ser pior?” Ora, respondeu ele, “porque ninguém fica sabendo que a gente morreu, Buenão. Agora, morrer no meio da semana o comentário é geral, o velório fica cheio, velhos amigos vêm nos ver...” Daí, lhe disse “Tião, para com isso, amigo estamos vivos com saúde, cantando e tocando nossos violões”. Mas, Buenão continua ele, “você não ficou sabendo que o motorista de táxi, o Alfredo, aquele coroa pegador morreu sábado passado?” Disse que não, ai ele arrematou: “Não te falei, morrer fim de semana é fogo cara, nem você que é um cara antenado ficou sabendo...” Daí perguntei morreu de quê ? E ele disse que deu um ‘piripaque’ no coroa e ele se mandou.
Buenão, disse ele, já que você não soube da morte do Alfredo, também não sabe do maior barraco que foi armado no velório, amigo. Daí bateu-me uma certa curiosidade. Sabia que o velho Alfredo tinha dois filhos de um casamento de mais de quarenta anos, e que sua mulher pediu separação por não suportar “bochichos da vizinhança”, que insistia em afirmar ser ele o pai de um adolescente do quarteirão de cima, cuja mãe era tremenda gata. Alfredo andava com essa jovem pra tudo que é lado e as más línguas diziam que o menino parecia mais com ele do que com os próprios filhos reconhecidos.
Já no mercadão, convidei Tião do Violão para um café, aquele que vem direto da fazenda, e quando eu estava colocando açúcar natural na xícara ele falou: É isso ai Buenão... O quê Tião?? disse eu. E ele, lembra daquela música do Carlos Imperial que o Simonal cantava, “Mamãe passou açúcar em mim”, lembro claro, respondi. Então, cara, acho que a mãe do Alfredo o lambuzou de açúcar quando ele era neném, porque eu nunca vi um cara com tanta sorte para conquistar a mulherada como ele. Veja bem, o Alfredo morreu com 86 anos ficou casado quarenta com a primeira, depois foi morar com a gata do quarteirão de cima e aí não teve jeito, ficou provado que o jovem era seu filho e com ela teve outro filho! Separou-se desta quando ela descobriu sua nova conquista: uma jovem de 17 anos, amigo. E o pior: ela engravidou!! Os irmãos da menina quiseram linchá-lo, mas, ele deu uma de machão, assumindo o romance e a paternidade mesmo com idade avançada, a família o aceitou.
Quando ele morreu, disse Tião, estavam todas no velório e a sua ultima conquista também, estava lá com o filho no colo e grávida de outro!! O assunto no velório era um só, claro! Qual seria o segredo deste garanhão, que com 86 anos ainda dava no couro com uma jovem de 17 anos, fora as outras que foram casos passageiros.
O velório transcorria dentro da normalidade com choros, grupinhos contando piadas quando em dado momento, a mais jovem viúva começou a armar enorme barraco, acusando as anteriores de serem as culpadas de sua perda do marido, pois, não lhe davam sossego. As outras se doeram e o pau quebrou formando aquele sururu, amigo, até as coisas se ajeitarem.
Só sei que, para os parentes, ele era um tremendo sem vergonha, mulherengo, para Tião do Violão digno representante da raça.
Mas, então, qual seria o segredo do velho Alfredo?? Ele não praticava esporte, não fumava, mas bebia até que relativamente bem, enfim tinha uma vida normal, qual seria seu segredo??
Alfredo se mandou. Deixou muitas histórias e seus amores... e, se tinha ‘segredo’ ou ‘receita’... não contou pra ninguém.
Ah!! Esse “menino-velho” Alfredo... Quem diria, hein??!!

Bueno.
* Cantor e compositor  

Nenhum comentário:

Postar um comentário