quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Casamento com homem é muito melhor

Maiferlaydson deu uma bicada no copo de chope e anunciou: "Pra mim chega! Agora vou casar é com homem!".
Todo mundo levou um susto. Aguinaldo, ao meu lado, quase engasgou com o pastel da Mercearia Santa Ignoranza, onde a gente se reúne pro happy hour.
"Como assim 'vai casar com homem'?!", perguntamos eu e Aguinaldo em coro.
Aquela informação era de fazer o Marco Feliciano correr pra se esconder no armário. Apesar do nome (a mãe adorava musicais), nosso amigo Maiferlaydson é heterossexual convicto. Não apenas convicto, mas também praticante. Passou o rodo na Vila Madalena inteira, adentrou o Alto de Pinheiros e já estava subindo para a Lapa quando a Leninha, sua esposa, perdeu a paciência. O casamento de 15 anos foi para o brejo e Leninha foi pra casa da mãe pedir colo, enquanto Maiferlaydson saiu dando colo para toda mulher que passava.
E agora ele decidira mudar de time? Casar com homem? Que novidade era aquela?
"Você trocou a esfiha pelo croquete?", perguntou o Aguinaldo no seu linguajar algo peculiar, herança da infância proleta na ZL.
"Qual é, mano?! Tá me tirando, Aguinaldo?!", esbravejou Maiferlaydson. "Não é nada disso não! Eu explico pra vocês!"
E então ele explicou. Foi mais ou menos assim: "Casar com homem é muito melhor. Por exemplo, eu quero tomar chope com os amigos. Mulher faz cara feia, reclama, emburra. Homem não! Vai beber junto! Se passa uma mulher gostosa e você faz um comentário qualquer, sua mulher vira uma fera. Homem não! Comenta junto! Quer dizer, tem muito mais vantagens...".
A Mercearia Santa Ignoranza parou para ouvir o discurso. Dois escritores interromperam o grande romance da sua geração só para escutar o Maiferlaydson. Quatorze roteiristas pararam de comentar "Breaking Bad" só para acompanhar o Maiferlaydson. Três jornalistas esqueceram completamente a crise do meio impresso só para compreender o Maiferlaydson.
E ele continuou. Explicou que as mulheres andam chatas demais. Tipo assim: quando a gente está dirigindo, elas ficam do lado pitacando: "Vira ali, não vira aqui, não ali, ih, passou!". Mas na hora do nheco-nheco, elas querem que a gente ache a porcaria do Ponto G sozinho! E sem GPS! Ah, faça-me o favor! Ponto G é igual ao continente perdido da Atlântica: dizem que existe, mas ninguém sabe onde é que fica.
E tem outra: quanto a gente goza rápido, elas reclamam. Mas quando são elas que demoram demais, elas também reclamam. Quer dizer, nós, infelizes, somos responsáveis por dois orgasmos: o nosso e o dela! O dela tem que ser rápido, o nosso deve ser lento. É, né, bebé? Mamar na... opa, vamos interromper o raciocínio que o jornal é de família.
Mas ainda tem mais, freguesa. Por exemplo: elas se juntam e saem todas serelepes para fazer Marcha das Vadias, não é? Agora experimenta passar por uma gostosa na rua e murmurar "úúú... que vadia!". Experimenta pra você ver só uma coisa. Você vai virar meme no Facebook. E o aplicativo Lulu ainda vai dizer que você tem dimensões mais ridículas que QI de BBB.
Quando o discurso do Maiferlaydson acabou, os dois escritores tinham abandonado a literatura já que, afinal, só estavam nessa pra pegar mulher. Os 14 roteiristas choravam mais emocionados do que no episódio final de "Breaking Bad". E os três jornalistas nem lembravam mais que o papel da imprensa era só sobreviver ao fim do papel.
Todos nós acabamos por concordar com o Maiferlaydson. Homem é muito melhor mesmo. O único problema é o design masculino, que é um desastre. Nem se compara às formas harmoniosas e esteticamente superiores da fêmea da espécie em geral e da Fernanda Lima em particular.
"Mas e daí? São lindas e gostosas sim, mas quem aguenta tanta mulher pé-no-saco?", concluiu Maiferlaydson, enfiando uma linguiça na boca.

Linguiça calabresa fatiada. Parem de pensar besteira, cazzo.




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