sábado, 8 de junho de 2013

Boemia em plena segundona

* Bueno

Havia alguns anos que eu não desfrutava de uma gostosa boemia, talvez desde que Sócrates levantou acampamento para morar em Sampa. Boemia saudável aprendi com meu querido amigo, o saudoso Laerte Alves, na época presidente do Botafogo. Também chegado numa noite sem pressa, dizia: “Buenão, as pessoas confundem boemia com ‘putaria’, boemia é o que faze­mos, nada de mulheres da difícil vida fácil no meio, numa boemia discutimos de tudo e até fechamos grandes negócios.”
E ele tinha razão, pois foi numa dessas noitadas que conseguiu vender o jogador Jajá para um time mexicano. Eu e Sócrates estávamos nessa parada. Lembro-me que Laerte convocou-me para levar meu violão e cantar uns boleros enquanto a negociação rolava, isso no Bar Breno’s, na avenida Nove de Julho, onde hoje funciona uma imobiliária... Saudade, muita saudade...
Domingo passado acordei, por força do hábito, muito cedo e resolvi entrar no delicioso Facebook. Meu grande amigo e cantor, compositor e parceiro musical Beto Godoy fazia o mesmo. Dele recebi convite para, no dia seguinte, em plena segundona, jogar conversa fora e cerveja dentro, após o futebol dos músicos na quadra do Olé da avenida do Café. Topei, até porque ia rever nossos músicos que só folgam na segunda-feira.
Entre eles estavam os meninos do Grupo Nós, Juninho Tamburus que toca com a dupla Rio Negro & Solimões e outros que não foram pra jogar, mas para bater um papo com a galera. De repente chegam Daniel Oliveira e Clécio, e para nossa surpresa pinta no pedaço Sudu Lisi, baterista do Sambô, grupo aqui de Ribeirão Preto e que hoje é sucesso nacional com música até na novela das sete.
Acabou o jogo, Beto Godoy, que é uma espécie de paizão de todos, foi pilotar a churrasqueira. Ele até acendeu uma fogueira ali pertinho para nos aquecer naquela fria noite, mas nem precisava, até porque a prosa estava tão boa que esquentava nossos corações.
O Sambô faz uma média de 24 shows por mês e essa folga Sudu tirou para visitar os amigos. Nem preciso dizer que a alegria foi geral, pois ele é adorado pela classe musical, quem o conhece sabe que é uma figura, seu jeito de ser, meio maluco beleza, sua forma de se expressar arranca risadas até do cara mais carrancudo. E eu ali, me deliciando com suas histórias.
Depois de muito papo e também por curiosidade, perguntei a ele: “Sudu, com esse negocio de viajar pelo Brasil todo de avião, você nunca passou nenhum aperto que te botasse medo, amigo???” Ele respondeu, com certa expressão de susto... “Buenão!!! Faz pouco tempo, uma mulher armou o maior barraco que deixou todos com vontade de jogá-la fora do avião, cara. Foi num voo Ribeirão-São Paulo, para pousar no Aeroporto de Congonhas, já tinha passado os quarenta minutos normais de voo e nada do avião pousar, deu uma hora, uma e vinte e nada, as aeromoças nada falavam até que o comandante resolveu colocar todos a par do problema dizendo ter dado uma pane no computador, desprogramando-o por completo.”
E continuou: “Sem ter como pousar, ia tentar outros meios e aterrissar em Guarulhos, depois avisou que ali também não dava, e o avião lá no alto, tinha gente ligando pra família, uns até dando adeus... de repente a mulher levantou aos gritos, querendo invadir a cabine do piloto, dando murros na porta... as delicadas aeromoças não conseguiam contê-la, até que um grupo de passageiros a segurou e convenceu a mulher de que estavam todos no mesmo barco...” Sudu tomou fôlego, a galera querendo saber o final e ele arrematou: “Gente, que susto!!! Por fim o piloto disse que pousaríamos no Aeroporto de Vira­copos em Campinas, e para alivio geral, pousou.”
“Daí eu me ferrei”, disse ele. “O voo era pra chegar às três da tarde, eu com compromisso às cinco, desci em Campinas às quatro e meia, tomei um táxi que me cobrou 350 paus porque lhe pedi para voar, só que agora no asfalto. O taxista justificou o preço dizendo que corria o risco de ser multado.” Sudu contou mais histórias, mas fica pra próxima...

* Cantor e compositor 


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