sexta-feira, 9 de maio de 2014

Minha mãe, ô saudade!!!

Bueno *
buenocantor@terra.com.br
www.buenocantor.blogspot.com

Faz dias que estou tentando encontrar uma forma para escrever sobre o Dia das Mães, e assim falar de minha saudosa mãe. Poxa, mas como encontrei dificuldade, sendo que a coisa mais fácil do mundo seria falar sobre ela. Isso acontece comigo no campo musical. Já compus músicas para meus filhos, meus netos, meu pai, minha esposa, mas a música de minha adorada mãezinha até hoje não consegui.
Não que não tenha tentado, até que fiz uma e quando ela estava quase que pronta, parei de compô-la, não a terminei por achar que minha mãe merecia uma música tipo assim, única, aquela que quando eu cantar terei a certeza que era pra ser dela, somente dela. Sou teimoso, vou fazê-la, a paciência e a esperança são minhas parceiras.
Mês passado foi aniversário de meu saudoso filho Lucas Bueno e quando na solidão de meu quarto escrevia sobre ele, teve vários momentos em que a emoção invadiu-me por inteiro. Num momento muito lindo, senti sua presença como se me abraçasse e com as mãos afagasse minha cabeça. Foi muito forte, lembrei-me do que ouvi do também o saudoso Tio João, discípulo de Chico Xavier. Disse ele numa palestra que quando sentíssemos saudades de um ente querido, bastava pensar nele com muita fé que imediatamente ele atenderia nosso pedido.
“Você vai senti-lo”, disse ele, e de fato o que o sábio falou é o que sinto quando penso em meu filho, um arrepio contagiante, leve como a brisa doce de um vento. Neste mesmo dia, ainda escrevendo, da mesma forma pensei em minha mãe e disse baixinho, como a  pedir colo: “Poxa, mãe, se você estivesse aqui...” E como num passe de mágica, novamente fiquei arrepiado e com a certeza de que ela atendera meu pedido.
Recebi recentemente um lindo e-mail com um pequeno vídeo em que uma mamãe passarinho alimentava seus filhotes, eram uns seis, todos com suas boquinhas abertas, pareciam famintos, percebia-se o cuidado da mamãe ao alimentá-los. Daí viajei no texto e nas imagens, danei a pensar, sabe-se lá a que distância ela foi buscar a “refeição”, e o quanto foi penoso chegar até seu lar e cumprir sua missão de ajudar a povoar matas e florestas.
Esta cena continua viva em minha memória e assim volto a minha infância, quando não sabíamos de onde vinha nosso alimento, só sabíamos que ele nunca nos faltou. Minha infância foi muito pobre, mas em nosso lar o amor transbordava por frestas e janelas, éramos meu pai, minha mãe e seis filhos, só depois de adulto é que me dei conta do que minha adorada mãe passou para nos alimentar. Tenho certeza que em muitas noites deixou de comer para que não nos faltasse. Eu, criança de sete, oito anos, nada percebia...
E hoje, já avô de dois netos maravilhosos, reviro minha memória em busca daquele tempo em que, aos domingos, nossa casa era uma festa, sempre teve música. Minha irmã Ruthe canta maravilhosamente bem, mamãe cuidava da cozinha com esmero, e desde o café da manhã, passado num coador de pano – seu aroma percorria todos os cômodos do nosso lar –, até nosso almoço nada se igualava, o tempero de minha mãe não tinha segredo, tinha era muito amor, daí seu inesquecível sabor.
Sinto saudades de tudo, do colo de minha mãe, da sua ternura, da sua doçura, de seus gestos, de seu sorriso cativante, do seu despedir quando a visitávamos... Sou um homem abençoado, pois tive o privilégio de ter sido seu filho. No jardim de meu coração, a flor mais linda é minha mãe, pois ela tem o nome da rainha das flores... Minha mãe se chama Rosa.

* Cantor e compositor

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